ENTORNE O SEU SERENO

Não me saias agora, não me saias no sereno

Que o agouro chora com as pedras do terreno

Diga a todos que não sairás, que não queres sair

Pois, um dia, há de ruir e a pele interagir.

Não me saias agora, não me saias no sereno

Que a mãezinha aguarda o ruidoso moreno

Diga a todos que não sairás, que não precisas sair

Pois, à ruga, há de sumir o nódulo e o porvir.

Não me saias agora, não me saias no sereno

Que o papai está com raiva, a tomar seu veneno

Diga a eles que não sairás, mesmo que quiseres sair

Pois é menina obediente e há de me corrigir.

Não me saias nesta hora, não me saias no jardim

Que a vizinhança pensa mal de quem vive no sereno

Diga a ela que sairás só para ver passar a banda

Pois é grata a vida imensa, quando imerge a lama santa.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 16/04/2008
Reeditado em 23/04/2008
Código do texto: T948560
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