Sete de Outubro.

Aniversários me deprimem.

É sempre a mesma palhaçada, bolo, barulho, muita gente - aliás, já disse que odeio tumulto?

Cantoria, crianças correndo, adultos sentados, adolescentes dançando.

Bolas enchidas. Bolas estouradas. Eu com a bola toda... Estourada.

Gente comendo, conversando coisas inúteis. Casa cheia, bagunça, desordem.

Comentários toscos, desejos toscos. Falsidade.

Ah, meu deus, aniversário me lembra velório. É quase a mesma coisa.

Um comemora a vida, outro a morte.

Os meus aniversários me deprimem. São sempre as mesmas coisas,

mesmas pessoas, fazendo as mesmas coisas, dizendo as mesmas coisas.

A única coisa que muda, são os presentes.

Às vezes.

Dezesseis anos. Isso não significa absolutamente nada pra mim.

A minha mente não deu um giro de 360 graus do dia seis pro dia sete.

Eu não vejo um sol diferente, um céu diferente ou respiro um ar mais concreto ou mais abstrato.

Tudo está igual como sempre foi. Dezesseis anos, é como quinze, é como dezessete. A diferença é de um ano.

E um ano é pouco, passa rápido.

A vida, minha vida inteiro passou como um furacão.

E eu nunca quis ficar no centro do furacão, na calmaria.

Eu queria é ficar na confusão, na periferia e observar as vidinhas de vento dos outros.

De brisa fresca.

Vida de brisa fresca a de vocês.

Não move nem barquinho.