|| Voar ||

...Como explicar um sentimento sem dimensões e formas? Algo que passa os céus e ultrapassa as razões. Algo que apenas um ser divino no seu lugar de majestade pode ver e entender. Cada linha que se cruza, cada olhar que se encara, cada história compartilhada, cada momento vivido.

Tudo como se fosse um quebra-cabeça, que de inicio não tem sentido algum, não tem forma, não tem porquê! Mas quando tudo vai se juntando, peça á peça, as linhas criam formas, curvas, se transformam em situações, gestos e pessoas em sentimentos!

Tudo se completa trazendo sentido e razão de ser, de existir, de acontecer. Vemos sorrisos nos lábios de casais um ao lado do outro, trocando elogios e olhares doces, compartilhando de um mesmo amor. Vemos lágrimas que escorrem no rosto de crianças perdidas, órfãos ou rejeitadas, com traços e marcas frias da angustia, miséria e solidão. Vemos fraternidade em pessoas de portes simples, que escondem no sorriso, o sofrimento, nas palavras e consolos, a dor de um dia atrás.

Vemos vingança e maldade nas ruas, nas casas, nas familias que se esqueçem do afeto, da consideração e do valor humano, se fundamentando na ganância. Que deseja para si o mundo e todos os homens, como palco e platéia de seus próprios egoismos! Vemos aplausos nos primeiros passos de uma criança, onde nem ela mesma entende o porquê das palmas, mas se alegra por se sentir livre e segura. Quando ao lado pais se orgulham, ou então quando não existem pessoas vendo, apenas os olhos do Criador que a fez nascer! Vemos fé quando não existe mais para onde correr, onde os dias se tornam tão escuros quanto as noites, as lágrimas se tornam o próprio alimento e a dor, a mais próxima aliada. Fé, no que não pode ser visto, nem explicado, mas que faz um pai não desistir de lutar pelo sustento de seus filhos, uma mãe suportar as dores de parto para receber em seus braços o fruto de longas dores e tanto amor por uma herança desconhecida, por um rosto nunca visto antes!

Fé, que faz um jogador continuar correndo atrás de uma bola, quando o placar marca um ponto de diferença a menos, e apenas um minuto para o soar do apito. Fé que faz um médico não acreditar simplesmente em um munitor, ir contra seus próprios conhecimentos de anos de experiências, escolhendo crer no poder da vida! Fé que transporta a terra aos céus, ou, transforma a terra em céus! Essa na qual não espera o tempo andar, não obedece as leis que regem o universo, não se conforta com a poltrona da platéia, não se conforma com explicações e teorias, simplesmente nasce, brota na hora das lágrimas, da dor, do desespero.

Quando a última coisa a ser feita é não olhar para os braços enxergando os como eles são, sem asas, mas enxergá-los com outros olhos. Simplesmente abertos, esperar o vento soprar, as penas nascerem e acima da tempestade, eternamente voar!

Thabatta Bastos

Thabatta Bastos
Enviado por Thabatta Bastos em 24/04/2008
Reeditado em 30/11/2012
Código do texto: T960235
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