Prestação de contas

O que te condena não é o meu julgamento, mas a sua consciência

O que mais lhe dói, não é o meu dedo em riste na sua cara

Insuportável mesmo, é o olhar ingênuo daqueles que o amam e nada cobram.

Porque esses são o seu flagelo, abrem a sua cicatriz

Fazendo de ti, algoz e vítima de si mesmo

Perturbador sabê-lo tão fraco, sabê-lo tão condenado

Esperar o sol inclemente surgir no horizonte

Para se esconder esgotado sob um sono inquietante, agitado.

Fica quieto, durma manso, tudo passou

Suas vítimas e fantasmas se foram com o seu cansaço estéril

Mas voltarão incólumes, como verdugos, a lhe cobrar

num cândido sorriso a sua trajetória humana

Expondo, mais uma vez, a sua ferida invisível.