LÁGRIMAS DO MUNDO

Ah, essas folhas plangentes!

Murchas ao cair do astro; não invadem

Leito casto, sutil e demoradamente vasto neste infindo azul.

Ocupo-me com conchinhas na praia

Escuto os peixes-leões ressoarem canções de obituário

Ora, peixes, remem!

Do outro lado do incerto há um tal de Alberto – inquisidor e apoético

Cheirando a alho, goma de mascar e aceto

É meu mais indecoroso afeto por trás do engalanado [poeira se fez].

Sim, peixes...

Tentem remar com a velocidade das asas do tempo; não haverei de acender o lampião antes das nove – estarei de costas para o luar, a instar, a aceitar, a bebericar.

Tocas suas hospedarão as lágrimas do mundo – todas – e farão delas, aperitivo

Não saberemos quão larga será a alameda

Mas, coisa boa eu lhe asseguro:

O tal homem – supra-citado – abençoará, mil vezes, suas abocanhadas

E os cobrirá de dourado pó a lhes influir vida eterna

Então, durmam peixes... Durmam!

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 02/05/2008
Reeditado em 28/12/2008
Código do texto: T971707
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