QUANDO TUDO É SÓ LITERATURA



Literatura de mãos
literatura de pés
literatura de olhares
literatura de vontades
literatura de projetos
literatura de encantamentos
tudo pra eles foi literatura,
cartas virando textos,
textos virando cartas,
almas virando rimas,
beijos frios nos cenários...
Conviveram cada um
com o que construíram do outro
e como era de se esperar,
o "construído" quando
saía do seu papel de personagem,
sangrando sangue verdadeiro,
gritando a dor de alguma ferida
(verdadeira)
saltava da tela fria,
ameaçando virar gente,
quebrando todo o cenário,
fugia ao script, que drama,
era logo desdenhado, marcado
para morrer...
Ainda bem que era só literatura,
onde morrer e nascer é só
pensamento de autor,
este autor chamado Acaso,
que joga as pessoas a seu gosto...
Ainda bem que tais mortes,
como nos palcos dos teatros,
ao findar a cena triste
da despedida cruel,
os atores voltam a ser,
aquilo que sempre foram,
e se já vivem há décadas,
então saberão que na vida
o que mais há são despedidas,
mas saberão também
que permanecem intactos,
na sua verdadeira essência,
conviveram cada um
com o que construíram do outro
mas não há tais despedidas,
entre seres de tal matéria,
pois nas peças, há os atos,
nas novelas, os capítulos,
e os atores sempre ressurgem
em tantos novos papéis,
enredados nas tramas do Acaso..

Da peça que encerrou-se
ficam os atores ...
à espera de novos papéis...
não há despedida entre eles...
tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 03/05/2008
Reeditado em 18/04/2010
Código do texto: T973314
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