ESTE AMOR NÃO É MEU
Não suporto a verossimilhança entre certos andares
Não compreendo as limas que cerceiam vãos olhares
Não tolero as emendas que tolhem os sonetos.
Sufrago pela face dolorosa do amor – reles e orgulhosa
Meus apêndices e minhas dunas sentimentais ladram à lua
Rosas lesas de caules argutos, coisas e tais.
Amputo todos os verbos nascentes e hipócritas
Não os digo, pois são tão fáceis; não os declamo, não são maus
Apenas glorifico médias cotas estapafúrdias e piegas.
Os versos açucarados são torneados a sete mãos
Cinco, pertencem aos céus; uma, à alma do autor, e a outra...
Ah, a outra!
Queria ser nuvem a abdicar desta ardilosa explicação
Primeiramente, por ser simples como o universo – e tenra como o verso
Ademais, arde acaloradamente na latrina dum precipício chamado amor.
E diante desta e de outra, ouso me abster...
Embora fato, como o musaranho que da toca sai:
Não é meu!