No último instante

No último instante

Que me caia por sobre mim

toda a chuva existente,

para que no último instante meu,

eu tome consciência da vida contida

em cada molécula de água...

Que me seja presente em mim

todas as chamas que aquecem

e catalisam a vida,

para que no último instante meu,

eu saiba da reação induzida

que gera todo viver...

Que me percorra por toda a pele,

a ventania de ventos,

comandantes dos movimentos

que perfazem respiração,

para que no último instante meu,

respire a última realização,

execute a última ação

e conheça por fim o mecanismo da vida...

Com isto que eu me caia por sobre a terra,

com densidade e completude,

com tempo suficiente

para agradecer à matéria,

pela bondade de ter sido substrato,

permitindo meu Eu ser Alma...

Assim, dissolve-se a matéria,

retornam os elementos para a individualização...

Separação...

Água, Fogo, Ar e Terra,

fora isto o eu...

Então estarei livre... Verei a mim mesma,

terei algum entendimento da verdade,

e poderei ter um pequeno vislumbre do infinito...