Toque

...Nos caminhos, que a água percorre meu corpo, encantos íntimos.

O vento, esse toque, esse milagre, a roupa de seda, pura delícia e você, lânguida.

Suave viagem, brasa. Meu corpo todo ferve e anseia por um toque.

Um toque tão legítimo, tão infinitamente sadio, vadio e desbravador.

Ela, mulher, que não me toca. Por que não me descobre os mais estranhos segredos.

Tua natureza não pode ser sutil ?

Não me toca a pele como a malícia do vento.

Não percorre minhas estradas me envolvendo como água.

Como ela pode ser água ou vento, invadindo suave cada recanto de mim ?

Não sei ensinar, não quero dirigir, mas, reclamo a falta de tua sensibilidade.

Oh, mulher!, que egoísta só me toca nas partes, que fazem parte do teu sonho.

Eu ainda te quero minha. Se confundindo com os elementos da terra.

Vem, como se fosse eu, um mundo à desvendar, um inferno à abater.

Vem como a necessidade da vida, vem como a maravilha de uma ave

E transporta meu sonho para tuas mãos, me faz voar.

Como ela é cruel, a cada toque me preparo para o apelo final.

Aqui, devagar, beije acolá, sorria nesse momento, me devore quando eu precisar.

Mas, nada ! Não me advinha os desejos. Não me escorre pelas frestas.

Não me toca em nada. Apenas me mata.

Mas, não vou morrer agora.

Sob o sol desperta tua natureza e eu suspeito aguardo admirado, você me olhar.

Acorda e toca meu corpo, meu futuro já te pressente.

Não há nada como teu beijo de manhã.

Abrir meu paladar, o desjejum, querer mais um.

Desfrutar no amanhecer, deixar pela boca escorrer tua saliva. Vai me alisa!

Protagoniza meu relaxar.

Amar, cantar, viver no céu, café com mel, me espreguiçar,

Me esparramar sobre teu corpo enlouquecido.

Sorrir pros pardais matinais em meio aos nossos mil tons naturais.

E aliviado, de cara lavada, aniquilado, ter que ir trabalhar...

Sérgio Corrêa
Enviado por Sérgio Corrêa em 12/01/2006
Código do texto: T98020