AS PÁS DO TEMPO
Às vésperas da pulverização marmórea
Que caos me traz este emoldurado sentimento?
Hora marcado pela dor – com tudo que chora
Hora tardia lograda pelo ódio de amar.
Crenças do confucionismo
Uma pêra em calda de lágrimas: um alento
São mais minhas as fuligens que impregnam o corpo
Que das vaidades a desocupar a mente pescadeira.
Não há nuvem, por mais escassa que ouse desfilar
Não há mais o lodo rançoso que o medo de passar
Em ti, caleidoscópio itinerante, ancoro meus pensamentos
Movendo-me ao céu, à ufa, à uma alma deslumbrada e pesarosa.
Em meu instante célere, a precisão de que preciso
É o ás ocultado em mangas salinas, em sardas alegres
Quando o colibri – por dentro destas linhas infames –
Assoviará à janela em momento de êxtase, fazendo-me inchar.
Esse inchaço reduzirá o fleimão pungente [e pensante]
Ordenará ao sonho que jogue mais uma vez a velha rede
Esta, por vez de fazer ouvir, abrirá mais uma porção de desordenados rombos
E estes... Ah, estes!
Seguirão movendo, desmesuradamente, as eloqüentes pás do tempo.