Janelas Poéticas (re-editando)

Construí janelas como desejei,

são redondas, quadradas e transparentes.

Toda manhã abro uma fresta

tento adivinhar qual é a cor do vento

que me traz cheiro de gente...

Pela janela da sala entra a luz do sol

da cozinha a alegria

do meu quarto entra o desejo

está sempre presente nas noites de lua cheia

na janela do terraço entra a esperança,

a maior que é da frente entra o amor

a do canto traz o sonho

e no quarto dos meus filhos

a luz que entra é a dos homens

chega nas cores do vento

no verde dos seus olhos

na inocência do menino

na música, na arte

entra cheiro, entra vida: juventude

pintando as paredes em tons felicidade

E na janela dos fundos entra sempre a certeza

na do corredor que é redonda a dignidade

na quadrada a amizade

na escura está pendurada a incerteza

no mundo em desando, uma dor só na multidão;

pessoas pisando na esperança

na janela lateral plantei uma flor

um botão apressado em desabrochar-se

consciência numa verdade livre;

na janela poesia piso estrelas

querendo um poema

que roube o chão dos seus pés.

Pela janela da varanda

entra um brilho intenso

como se a lua se soltasse

em queda livre no universo

e perdesse o lume apenas

por um instante e essa luz

diamante rouba céu, mar e terra

em nome da paz e do amor.