[É possível...]

É possível que ainda tem quem não entenda esse outro em mim, esse Eu Outro em Mim, que chora, que se esgarça, que reclama, que faz cara feia, que me sacaneia, que me xinga, que me boicota, que tenta o tempo todo a reprimenda, o engodo, a acusação, a interpelação, o escalpelo do meu couro, que também silencia, que não se autobiografa, e que se revela, que apenas brinca de ser um tudo-todos-em-um e ser nada, ninguém. Não confesso nada quando reviro silêncios, é apenas um jeito de não-ser-eu, de ir sendo e mostrando eu e outros? de fazer de conta, reinventar o incompreendido, reviver memórias, revelar-me, revelar o outro? Ou será que é tudo invenção, fingimento meu dizer que não me digo, que não te digo. Esse outro, às vezes, me parece uma "pedra no meio do caminho". Tropeço. Beiço aberto sangrando do dedo do pé... choro? Não! Brado (o eu outro) a puta-que-pariu e a ascendência inteirinha.

Alessandra Espínola
Enviado por Alessandra Espínola em 18/05/2008
Reeditado em 18/05/2008
Código do texto: T994473