OLHAR DESEJANTE

Estou diante de ti e o meu fogo está escondido.Cada dia é um exercício de paixão e o meu desejo alimenta-se da tua imagem com uma intensidade, que nem eu mesma consigo ter o monopólio.

Diante de ti, minha alma está dispersa, não tenho filosofia: apenas sentidos (Bendito Alberto Caeiro!).Agora, entendo-o tão bem!E olho com cobiça tua boca tão perto, pronta e tão pronta para tumultuar meu corpo, e percebo as imperfeições perfeitas de tuas mãos prometendo-me mais e além.Quando estamos a sós, sinto que o mundo é estreito demais para a tua suave presença.Cabes apenas em meu coração, em meu desejo tão onipresente.É a lei de minha imaginação chicoteando-me levemente, dizendo:”Olhe, delicie-se, delicie-se...”.E neste momento vibra tão dentro de mima impotência de realizar, olhar-te é descobrir-te, é ter certeza de que apenas olho e olho e nada mais posso ou consigo fazer...

Lamento docemente este laço do desejo...Sim, lamento minha incapacidade de correr o risco, de deixar-me ficar à mercê desta paixão.Testemunho minha dor transfigurada em prazer e guardo em minhas profundezas o meu mais tolo segredo.Apenas meu coração pode compreende-lo, apenas meu coração...Só ele sabe como sou sensível à tua sedução, à tua pele, aos teus encantos...

Contemplo-te e não estou mais em mim.Deixo o meu corpo, estou vazia, sou apenas um olhar desejante, sou apenas um olhar desejante...

Karla Bardanza

Karla Bardanza
Enviado por Karla Bardanza em 20/05/2008
Reeditado em 20/05/2008
Código do texto: T997650
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