PROVÉRBIOS MINEIROS XVIII – J B PEREIRA

Cheguei de mansinho

Entrei no arraial

Com a família minha

No jeep

E observei o pessoal,

Costume e sotaque.

Vi o jeito de eles

Trabalhar:

O sr. Vigário e sacristão

Lá na igreja a dizer missa,

O médio e o delegado a prosear.

Está do outro lado, o político e a professorinha,

De outro, o historiador e dentista,

Mais a trás, o livreiro e o padeiro.

Mais a frente, vi as imagens e o arcanjo,

No teto os 4 evangelista – lado a lado,

Com os 4 patriarcas da Igreja,

No centro a Trindade com a Virgem no teto:

“Toda pulchra és virgo, a macula não est in te.”

De fora da igreja, uma bronca no garoto ouvi,

Mais adiante, chamego de um rapaz e uma rapariga,

Observava-me um vendedor de uma das barracas,

A galera de jovens na praça conversava alto,

As beatas já saiam para almoçar,

Via no ar baforadas do fumo dos homens

Colocando chapéu ao sair da igreja.

E os meninos custosos a correr no adro,

As mães a chamar pelas filhas manhosas,

Abelhudo quer saber de onde vim,

O cretino quer saber quanto ganho,

De que família sou!

Encostei em um lugar ameno,

Na sombra de uma palmeira

Para conversar com meu sogro.

Ainda ouvia dali o som do violino,

O harmônio lento

a cumprir uma partitura no coro da Igreja.

Logo adentrei a sala da casa colonial

Da praça, o almoço estava à mesa.

Fiz um brinde ao casal de amigos

Que veio abancar e espiar

O novo cidadão que acabava

De chegar.

Cada um tem sua artimanha,

Você tem arte,

Aqueloutro tem de sair amanhã.

Afinal, bom é viver no arraial.

J B Pereira
Enviado por J B Pereira em 10/01/2018
Código do texto: T6222238
Classificação de conteúdo: seguro