CONSCIÊNCIA OU MORTE!

Morrer é tão previsível

Num solo já bem castigado

De nada do nunca tão crível

Do tudo que foi malogrado!

Morrer de sangue exaurido

No vento do sempre discursado

De voto que foi convertido

Em sangue que nos foi sugado.

Morrer de miséria incabível

De ideologia plantada

Paixão de nos ter consumido:

Bandeira vilipendiada.

Morrer mas se tendo querido

Viver na carochinha contada...

E ver o todo corrompido

Na História que foi ocultada.

Morrer de voto morrido...

De morte tão bem planejada

Ter de inconsciência sofrido

Na estrada tão sempre truncada.

Morrer de morte declamada!

Na peça tão prenunciada

Atores da mesma cilada:

Teatro da vida macabra...

De morte do inconsciente

Com efusivos aplausos

Morrer pelo palco carente

A encenar só percalços!

Morrer de vida indigente

Que vibra todos os palanques:

O vil... é a vida das gentes!

De sangue já todo exangue!

Morrer do tudo morrido

Sobrevivente às carências...

E de coração tão silente

À dor das nobres excelências.

Morrer de tiro perdido

Das mãos de toda negligência!

Sem ter consciência exeqüível

Rumar à cruel decadência.

Morrer de sopro falido

De vida já bem ofegante:

Sem ter toda a pena valido...

Nas mãos que furtaram as chances.

Morrer de toda liberdade!

Sem ter para onde se ir...

Morrer de se ter só saudade

Do que nos seria existir.

Morrer de solo desnutrido

Com a graça já tão suplantada!

E ter no epitáfio o sentido

Da vida não concretizada.

Nota da autora: aos personagens de todas as horas.