Tantas coisas

Tantas coisas já se foram silenciosas,
tão caladas como rompe a branda aurora,
doces beijos feitos pérolas preciosas
e sorrisos - só lembrar me resta agora!

Outras vezes murmurava o vento frio
as poesias que da alma ecoavam
e vagava o coração, cheio de estío
pela noite, em tristes ruas que o calavam

Hoje o vento emudece nas calçadas
e, lembrando, coração se parte amiúde
foi, também a esperança malograda
de tentar, em vão, ser tudo que não pude.

Tantas coisas se perderam num soprar
como a espuma vaga os mares sem destino
que a saudade, ouvindo o vento a sibilar
vem atormentar-me a mente em desatino

Assim chega rouca em fúria a tempestade
devastando sem piedade o coração
espalhando grandes ondas de ansiedade
e paisageando meu ser de desolação

E no pouco de céu claro que ainda via
indaguei a solidão a me fitar
vendo mais uma quimera que partia:
"Algum dia poderei vê-las voltar?"

(12/05/94 - Parauapebas/PA)
Gaby Faval
Enviado por Gaby Faval em 10/07/2020
Código do texto: T7002075
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