Enlutadas

Clama a dor cortante

Dor de Maria que nina o colo vazio

Copiosas lágrimas de sangue

Dilacerante ausência do filho

Em seu silêncio mais gritante

Diz a si mesma, até quando?

Abraçando o vácuo angustiante

Quem pode mensurar tal pranto?

Choram Marias, Anas, Heloísas

No vasto desencanto, dão-se as mãos

Desamparadas, enlutadas, nesta dor incontida

Pela partida, desta injusta separação

O clamor que ecoa, que ressoa como estrondo

De quem é mulher, mãe, Maria sem norte

Deste brutal sofrer louco, e tão hediondo

De ganhar e perder, diante da vil morte

Clama a dor cortante

Dos frutos nossos arrancados

A força se retira, esvai-se, logo adiante

Restando nada mais de nós, que apenas retalhos

Nada basta, nem palavras, nem oração

Nada pode curar tal desenlace forçado

Resta-nos apenas o afago da união

Elos de amor jamais podem ser cortados

Pra quem tem alma infinita

Este adeus é só por enquanto

Todas as mães, mulheres, Marias

Aguardam o grande dia do reencontro

Maria Mística, Heterônimo de

Andreia O. Marques