A MORTE DO CISNE
Entre os juncos do lago
Acharam os patos
O cisne branco
Espichado morto
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Navegando do remanso
Vieram os gansos
Garças e flamingos
Fazendo choramingo
*
Piou a gaivota
Da pata chata
Do alto do farol
Chamando a albatroz
Do fundo do atol
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Apareceu o pelicano
De bico de soprano
Se despedir do amigo antigo
De muitas espigas de milho
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Com um ramo de begônias
Chegou a cegonha
De sacola vazia
Prá levar o que podia
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Deram de bater bico
Disputar no palito
Quem bancava o padre
O coveiro da ave
No sombreiro das folhagens
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Sem ver que o cisne branco
Despertou do sono
E deslizando o riacho
Foi se juntar aos outros
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E nenhum sabe contar
Onde o cisne foi parar
Visto que nadam no lago
Mais de cem misturados
De alvas plumas acolchoados
Como flocos de neve nos telhados
*
-Quem sabe a lua tenha espiado?
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