Aventuras de um louco II

O dinheiro que tinha no bolso era pra pagar luz e água.

Não fosse o convite pra assistir ao show cover Raul Seixas.

Estava no boteco tomando cerveja e recebi a chamada do cover Raul Seixas, que me convidou para comprar o ingresso.

Falei que o dinheiro que tinha no bolso era a conta, das contas de casa, mas o convite era irresistível e eu iria.

Adorava Raul Seixas e as suas músicas sabia de cor.

Imitava sua boêmia e bebedeira.

Quando cheguei ao evento, decidi tomar caipirinha.

Havia escondido uma nota de cinquenta, na palmilha do tênis.

Geralmente eu me precavia de mim mesmo.

O show começa e eu era a verdadeira caricatura de Raul Seixas, usava mesmo estilo de cabelo e barba, mas não fui percebido pela plateia, que curtia animadamente o show.

Acontece que me embriaguei com as caipirinhas, e comecei perder a noção.

No intervalo do show, entrosei com uma galera mais jovem que gostava de heavy metal.

O show acabou e logo fui conversar com o meu amigo cover.

Ele me chamou para uma festa ali perto.

Fui e parece que estava a galera jovem que conheci.

Continuava bebendo.

Cismei de ir embora à francesa.

Estava cambaleando, e não tive o insight de pegar um táxi.

Escorei e desacordei na porta de aço de uma loja na praça.

Altas horas da madrugada, eu percebi que era ferroado por vespas gigantes e o cão vira lata lambia minha boca.

Foi quando apareceu o rapaz da bicicleta, e vindo até mim disse que era perigoso dormir ali, propondo ajudar.

Eu cambaleava pelas ruas da cidade em direção à minha casa, e aquele rapaz me dava guarida, empurrando a sua bicicleta.

No meio do caminho enfiei as mãos no bolso, e segurei as chaves de casa. (não percebi que as deixei cair no chão)

O portão de casa era acostumado com ponta pés, quando eu perdia a chave e forçava para entrar em casa.

Não foi diferente.

Cheguei ao portão, e não encontrei as chaves no bolso.

Na condição que me encontrava, se chutasse o portão seria derrubado por ele.

O rapaz da bicicleta havia retornado, pra tentar encontrar as chaves pelo caminho.

Não as encontrando, eu lhe pedi que abrisse o portão na bicuda.

O portão amassou, mas abriu.

Despedi do rapaz da bicicleta, com os trocados que restavam no bolso.

Deitei sem tirar as roupas, nem o tênis.

Despertei ao meio-dia e percebi algo diferente.

O meu notebook não estava sobre a mesa.

O guarda roupa não tinha roupas.

As malas desapareceram.

Uma limpa na casa.

E o portão arregaçado na entrada.

Fiquei contente, pois restava a roupa do corpo.

E para curar a ressaca...

Encontrei a nota de cinquenta reais, na palmilha do tênis.

edras josé
Enviado por edras josé em 17/12/2019
Código do texto: T6821074
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