NOVA VIDA

O impacto dos filmes de terror - A Mente é Maravilhosa

Mesmo que Jadel se escondesse, sob sua máscara de felicidade, dentro dele um mal aceso fazia morada. Os fartos carinhos que espalhava por seus quatro filhos Fernanda, Aldrin, Mia e Fábio disfarçavam, na verdade sentia suas mãos tremerem e uma vontade parda de esmagar suas cabeças, tirava o seu sossego. Tinha pesadelos com as cenas, que borbulhavam em sua mente insône, mas, ao contrário de se apavorar, acordava com uma alegria lhe fazendo cócegas por dentro do peito, isso era insano, amava os filhos...ou não...o que residia realmente naquele Jadel...ele perseverava, mas, não se reconhecia...precisava se afastar deles. Sua esposa Augusta era uma mulher de muita força espiritual, há tempos percebeu que algo afligia seu marido,  como se ele estivesse vivendo um conflito interno e que do qual, não estava conseguindo sair sozinho, só que ele não falava sobre isso, quando ela tentava puxar o assunto, ele desconversava, então, Augusta rezava.

Sábado ensolarado d'uma tarde fresca, a família de Jadel, fazia um piquenique no jardim, só para variar, as crianças estavam felizes e corriam brincando de pega pega, inocentes ao que se passava na mente doentia do pai. Augusta se arrepiou sentindo a tensão no ar, não sabia do que se tratava, mas, por via das dúvidas orava com fervor. Jadel estava com as mãos trêmulas, o semblante contraído e o olhar fixo nos filhos. Algo crescia por dentro e se alimentava de sua alma. Quando Fábio cansado das brincadeiras se deitou em seu colo, o impensável aconteceu. Jadel acarinhou a cabeça do filho com as duas mãos e foi apertando, apertando, o menino gritanto até desmaiar e com um crack seu crânio se partiu. Augusta saindo do transe catatônico momentâneo, sem nada mais poder fazer pelo filho, correu aos gritos recolhendo os outros filhos descendo pela rua em busca de um policial. Pouco mais de uma quadra depois encontrou uma patrulhinha com dois guardas e aos borbotões contou o acontecido. Eles pediram reforços e também pelo rádio uma ambulância.

Deixaram Augusta e os filhos na viatura e partiram na direção da casa dela. Lá chegando o horror da cena e a visão de Jadel gargalhando sobre o corpinho do filho era aterradora, aquilo não podia ser um pai, talvez uma aberração do mal, um pai jamais. O homem não resistiu ou esboçou uma reação, se deixou algemar sem problemas, só gargalhava insanamente, era louco mesmo assim pensaram os policiais.

Chegou ambulância, outras patrulhas, carro do necrotério e Augusta e os outros filhos só choravam. Antonio o pai de Augusta, cuidou de todos os trâmites necessários, pois ela não tinha condições de resolver nada naquele momento, se não fosse uma mulher forte e de muita fé, estaria completamente desestruturada, mas, o amor por seus outros filhos lhe proporcionava a garra necessária para seguir em frente. 

Os outros filhos Aldrin, Mia e Fernanda eram crianças e estavam assustadas, mas, nada que um leite quente achocolatado e um belo bolo não desviasse a atenção do ocorrido, santa infância!

Augusta acompanhou a internação do marido num manicômio penitenciário, pois o defensor público conseguiu enquadrá-lo como um caso de insanidade, Augusta orava por seu marido por pura bondade, porque dentro não conseguia esquecer, mas, pela força da fé já o tinha perdoado, precisava seguir em frente por causa dos seus filhos. A justiça divina que fosse feita, sem a participação deles e da sua própria, ódio tira a paz.

Preferiu mudar de cidade, seu pai a ajudou nesta mudança. Novo lugar, novos ares, novas pessoas nublariam lembranças cruéis, com fé em Deus uma nova vida os esperava. Abriu um pequeno armazém, cidade pequena e hospitaleira, logo estavam acolhidos pelas pessoas e vendendo direitinho, estavam bem.

Antonio visitava a filha e os netos todo mês, até que Augusta o convenceu a vir morar com ela, custou um pouco, mas, ela o convenceu. No dia da chegada da mudança dele, receberam a notícia de que Jadel havia morrido depois de gargalhar por um dia inteiro ininterruptamente, sendo acometido de soluços imensuráveis que o fizeram ficar sem ar, com a pressão seus tímpanos estouraram e ele morreu. Augusta apenas rezou por sua alma. Colocando uma pedra sobre aquele período de sua vida.




* Imagem - Fonte - Google
* amentemaravilhosa.com.br
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 22/11/2020
Reeditado em 22/11/2020
Código do texto: T7117990
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