A Flor da Morte!

Era uma bela paisagem aonde a Moça vivia.

Uma grama verde, com folhas grossas e macias, cobria os campos e as centenas de colinas da terra em que nascera.

Passava ela seus dias, entre as obrigações da fazendinha da família e os passeios pelas colinas.

Escalava e as admirava. Nas montanhas mais altas podia ver a cobertura de neve e imaginava um dia observar o mundo da mais alta, mas a escalada era difícil e perigosa, então, ficou na contemplação imaginativa.

Um dia, quando admirava a extensão das colinas, viu no meio das paragens algo se destacando pela alvura. Quando a luz do sol batia naquela estrutura, cintilava parecendo uma estrela parceira do sol à luz do dia.

Quando se aproximava, notava que era uma flor. A mais linda que já vira, mas ao procurar tocá-la sua mão a transpassava.

A Moça pensou que talvez estivesse louca, mas não. Tentou e tentou de novo, mas a bela flor simplesmente não podia ser segura por nenhuma mão de carne e osso. Sentou-se, em suas vestes de fazendeira dos tempos antigos, observando-a e ali ficou até que fosse hora de voltar para casa.

No dia seguinte voltou ao local.

De longe viu a flor, mas havia mais alguma coisa. Uma vaca estava deitada junto dela. Chegando perto viu que era de um vizinho e que estava morta. A flor, sobre o animal, cintilava, mas aos poucos foi perdendo suas pétalas e sumiu no ar.

Passou a reparar que a flor aparecia em alguns locais. E, no dia seguinte, lá encontrava morto algum animal, pequeno ou grande.

Passou a temer encontrar-se com a flor, mas para todo o lado, quase todos os dias, ela aparecia, seja cá ou acolá.

Tentou ignorar, até que um dia, viu a flor sobre a cama da sua Mãe. Sem saída, passou o dia amuada e chorando. Seus pais, dois velhos bondosos e trabalhadores, tentaram acalmá-la pedindo para que explicasse.

Contou sua história e os pais ficaram assombrados.

Seria nossa filha uma bruxa. Pensaram. Mas nada disseram.

No dia seguinte, tendo dormido mal, correu a velha para o quarto dos pais e a mãe estava lá, pálida e gélida tendo seu pai rezando sobre o corpo.

Apavorado, o homem que sempre fora tão bondoso, a expulsou de casa acusando-a de bruxaria.

Triste, deprimida, vagou ela pelo mundo. Uniu-se a um povo que vivia viajando em carroças sem paragens. Casou-se com um deles e teve filhos que geraram filhos.

Já idosa e bem conceituada na vida, viu um dia a flor sobre a sua própria cama. Deitou e fechou os olhos esperando que as pétalas daquela magnífica forma fossem caindo uma a uma...