O pé de feijão chamado João

Era uma vez o João Pé de Feijão.

Não, não era aquele João do Pé de Feijão da história, era um pé-de-feijão que tinha o nome de João, simplesmente.

Mas o nome o perseguia. Quem passava por ele, questionava:

- Quando você vai crescer e rasgar os céus, heim, João? Quero encontrar logo essa galinha dos ovos de ouro!

Os dias passavam e João se irritava com a ideia de não crescer mais.

Até conhecer a linda Palmeira, que foi plantada bem ao seu lado. Ele sabia que as palmeiras podiam ficar enormes, então resolveu começar a se enrolar com ela.

Ano após ano, a Palmeira crescia e João era carregado como um cipó-chumbo, competindo com a própria árvore pela luz do sol.

Finalmente, alcançou o céu.

Animado, deu aquela olhada em volta para ver se encontrava as maravilhas que acreditava serem suas por predisposição de nome. Olhava de um lado, de outro e tudo que podia ver eram umas fumacinhas, depois nada e mais fumacinhas. Não tinham plantações, pessoas, castelo, galinha. Nada.

Decepcionado com o que encontrou, João começou a murchar e murchar. Até chegar ao chão novamente, onde todos o assistiam empolgados.

- Me fala do Gigante, João!

- A galinha dos ovos é feita de ouro também?

- Qual a mágica que existe depois do céu?

João respondeu, secamente, que não havia nada por lá. Era um simples vazio.

Então, viu os olhares de empolgação se transformando em decepção de acordo com que percebiam que não era uma brincadeira, gerando um efeito cascata que terminava com sua solidão.

João, enfim, se deitou, pronto para se entregar de novo à terra. Observou umas formiguinhas viajantes pegando as folhas mortas de seu corpo desistente para agregar ao formigueiro e viu beleza naquele destino.

Até perceber que as formigas tinham um bumbum que brilhava como um vagalume. Então, pegou um pouco da energia que sobrava para olhar mais de perto os serezinhos brilhantes.

O brilho era feito por pequenos flocos de ouro, quase imperceptíveis a olho nú. Cresceu mais um pouquinho e viu, já na terra, uma enorme quantidade de pepitas de ouro, ali, prontas, sem precisar de uma galinha para botar.

Com a energia que sobrou, João só conseguia rir. Alto, descontrolado, descompensado.