HISTÓRIAS QUE OS ANTIGOS CONTAM - CAPÍTULO UM

HISTÓRIAS QUE OS ANTIGOS CONTAM

CAPÍTULO – 1

Escrita no livro do tempo, conta -se a história de um homem que vivia em uma mata, junto à natureza, em uma cidade de um país rico em beleza, natureza, verde, água, bichos e ar puro.

Difícil era precisar sua idade. Aparentava ser jovem, de altura mediana e tronco largo como o de alguém que se exercita bastante.

Sua pele estava entre a parda e a vermelha. Seus cabelos eram bastos como uma juba leonina, pretos como a asa de um corvo e ondulados, levemente compridos até o ombro. É fato que na maioria das vezes gostava de mantê-los presos por uma tira de couro. Às vezes, os mantinha trançados.

De olhos castanhos claros, um pouco esverdeados. Aparentava uma beleza, entre a figura selvagem e o deus grego Apolo.

Possuía voz grave, firme, porém suave, ao falar. Gostava de emitir sons como o canto e quando cantava, gostava de cantar junto aos pássaros e outros seres pequeninos da natureza. Também era seu costume o de assobiar imitando os passarinhos do lugar.

Sempre que estava trabalhando manualmente, seja tecendo uma rede, fiando linha, ou algo que exigia concentração, estava assobiando ou cantarolando alguma cantiga tradicional que havia aprendido com o pai, a mãe e as mulheres do lugar.

Herdou dos pais, muitas coisas valiosas. Dentre elas estavam três instrumentos musicais, que guardava e cuidava como se fossem mais caros que pedras preciosas ou ouro.

O primeiro deles, era uma flauta feita de bambus, escalonados um ao lado do outro, onde cada tubo produzia uma nota, que sua mãe lhe ensinou a construir, desde bem pequeno.

Hoje em dia esse instrumento leva o nome de zampona, ou flauta de pan. Naquele tempo, não se sabe, que nome possuía. Fez várias até encontrar um equilíbrio harmônico, dentro do que buscava.

Tinha também um pequeno instrumento de madeira com dois tambores pequenos interligados um ao outro, através de uma pequena haste reta de madeira e forrados com pele de couro, onde um deles emitia um som levemente mais grave, o que era bom na alternância sonora dos ritmos.

O terceiro deles, era um instrumento de seis cordas, com tampo e corpo de madeira, onde se passava o polegar ou os dedos indicador, médio e anelar, para criar melodias, das mais variadas qualidades e ritmos. Geralmente quando cantava, o fazia ao som desse instrumento.

Era bom de ritmo, e sua voz melodiosa, tinha o dom de atrair os pequenos animaizinhos das florestas, principalmente os pássaros.

O instrumento de cordas, seu pai o presenteara quando contava apenas poucos anos de vida, em torno de 5 primaveras. Tendo o adquirido em uma de suas viagens. Quando completou seis anos, seu pai lhe ensinou os primeiros passos e os primeiros acordes. E o ensinou a toca-lo.

Desde então, dedicou-se a aprender a utilizar o poder do som harmônico para se sentir melhor e também para gerar harmonia ao seu redor.

Muitas vezes, tinha sonhos inexplicáveis. Algumas vezes eram claros, agradáveis, pareciam bons, de boa vibração e traziam uma certa tranquilidade.

Outras vezes, acordava suado, como se tivesse participado de alguma prova difícil de sobrevivência, ou alguma guerra terrível.

O fato é que tinha dons musicais e os utilizava para se acalmar, quando tinha os sonhos incômodos. Provavelmente devido a esse dom, tudo ao redor, silenciava-se para ouvi-lo tocar e cantar.

Tudo o que possuía além disso, era sua coragem, seu entusiasmo, sua vontade, seus olhos brilhantes como os de uma criança e sua alegria de viver.