HISTÓRIAS QUE OS ANTIGOS CONTAM - CAPÍTULO DOIS

CAPÍTULO – 2

Dentre os hábitos do rapaz, um deles se destacava. Saudava a todos os seres viventes, quando o dia amanhecia. Saudava o astro rei celeste com seu brilho dourado fulgurante e agradecia por seu brilho, beleza e calor. Olhava para o sol emocionado diante de tanta beleza.

Ajoelhava-se, elevava a mente aos céus e agradecia, pela oportunidade de presenciar e viver mais um espetáculo todas as manhãs.

Depois deste ritual sagrado e sempre presente, levantava-se do chão, depois de bater a cabeça levemente no solo terreno e beijar a terra sua mãe generosa e abençoada.

Dizia pra si mesmo que era riquíssimo, pois além dos pais materiais, tinha o sol como pai, que distribuía seu brilho e calor para todas as criaturas, sem nada cobrar em troca, e sem nenhum pedido prévio.

À Terra, costumava dizer que era como a mãe carnal, sempre proporcionando aprendizagem, onde plantava e colhia os alimentos, e aonde aprendia sobre generosidade, colher fartura e abundância. Enfim a riqueza natural.

Dizia que a água, a lua e as estrelas eram como suas irmãs sempre suprindo suas necessidades imediatas, e dividindo com ele seu brilho.

As plantas e os animais, também os considerava, seus irmãos, mais velhos, sempre o suprindo de força, vitalidade e sabedoria.

Vivia sua vidinha simples, e aparentemente sozinho.

Acordava, molhava suas ervas e plantas, tanto as do seu jardim, que cultivava com imenso amor, quanto as demais, alimentícias, medicinais e decorativas.

Não costumava criar animais de abate. Quando se alimentava de carne, geralmente era de alguma caça ou peixe.

Tudo o que sabia, aprendera com seu velho pai e sua velha mãe, que há muito, haviam mudado para outra dimensão, não habitavam entre os viventes da terra.

Seu pai o havia ensinado a olhar para o sol e descobrir se no dia seguinte seria, quente, fresco ou frio, se choveria, ou faria sol.

Também lhe ensinou a arar a terra, escolher as sementes, plantar, colher, a fazer uma casa com tudo o que houvesse por perto, a caçar, a pescar e a tocar os seus instrumentos, principalmente o de cordas.

Uma vez ambos construíram uma cabana, quase um chalé para guardar suprimentos, de caça e pesca.

Com sua velha mãe, aprendeu a tecer, a fiar, a cozinhar, a preparar a caça, limpar, salgar, cozinhar, assar, além dos peixes para serem consumidos.

Aprendeu a fiar a linha feita de plantas, a costurar roupas de pele, e de tecido, a preparar farinhas, e a curtir, o couro, para roupas e calçados.

Também aprendeu com a mãe, a preparar conservas de alimentos e de pimentas. Aprendeu a conhecer as ervas medicinais do campo e as cultiváveis. Seus princípios ativos, e usos em geral. Além de lhe ensinar a agradecer pela vida, pelo sol, pela terra, a água, os animais, a lua e as estrelas. Essas eram as suas orações. De agradecimento.

Ensinaram-lhe a valorizar a vida, por toda a sua riqueza e por tudo o que nos oferece a todos.

Podemos dizer que sua mãe lhe ensinou a orar ao criador, a fazer preces de agradecimento por tudo o que tinha, e também a ser simples e humilde, mesmo sabendo de muitas coisas. E seu pai lhe ensinou o restante, sendo que seu pai também lhe ensinou rezas fortes de proteção contra as vibrações ruins, que as vezes acompanhavam as pessoas e as fazem adoecer. Hoje diríamos que ele era um benzedor, ou um xamã.