RONDA (dedicado ao escritor Moacir Rodrigues)

 

Moacir tinha o hábito de fazer a ronda pelo Museu, não que fosse funcionário do lugar ou, qualquer outra coisa semelhante, era apenas um cuidadoso, um admirador de arte, um historiador apenas por sede de saber.

 

Passava muito do tempo da sua aposentadoria, na ala egípcia, internamente confessava para si mesmo, que facilmente teria tido um caso, com Nefertit ou Cleópatra, eram mulheres fortes, fossem deusas ou humanas e, isso era o seu ponto fraco.

 

Terça-feira à noite, faltando poucos minutos para o museu fechar, ouviu uma voz chamando o seu nome...quase um sussurro, estranhou, mas, seguiu o som, porque a sua curiosidade era maior do que a de um gato...e...era um gato..ou melhor...uma linda gata cinzenta e, dona de um caminhar ondulante e lascivo. Seria Nefertit falando através da gata? Moacir voltando ao centro de sua atenção, pensou...estou ficando louco!

 

A sua imaginação, estava lhe pregando uma peça, mas, resolveu embarcar na loucura e, ver onde isso iria dar.

 

A gata roçava por suas pernas e, cada novo movimento dava vida, às pequenas joias da realeza egípcia. As peças, ficavam flutuando em seus núcleos expositores transparentes e, os olhos de Moacir brilhavam extasiados.

 

Algumas taças tilintavam, como que brindando a situação inusitada. Um barulho conhecido, o som da voz do segurança do Museu, o alertava do horário de fechamento, que chato Moacir pensou, o som quebrou o encantamento, mas, teria uma noite prazerosa, lembrando da cantada indireta de Nefertit.

 

Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 22/08/2022
Reeditado em 22/08/2022
Código do texto: T7588508
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