CAVERNOSO (MINICONTO)

 

Luna e Verdana, passeavam por trilhas chilenas, época errada porque era inverno e nevava, doidinhas aquelas moças. Numa subida mais íngreme, resolvem se abrigar dentro de uma caverna não muito profunda e, que de fora com a lanterna, dava pra ver que estava vazia ou quase. Bem lá no fundinho dela, viram um rapaz bonito, trajando um tênis de corrida, sunga de praia e um blusão de viscose, estampado, parecia que estava no Hawaí, numa temperatura de muitos graus abaixo de zero. O seu nome era Jadel, era de São Paulo e, já estava naquela pequena caverna, há uns vinte anos, nem se lembrava mais. Não sentia fome, sede ou frio, não envelhecia, só não conseguia sair dali. Já não via pessoas ou animais há muitos anos. Quando gritava, ninguém lhe escutava, elas eram as primeiras que a caverna permitira a entrada. Esta informação deu um medinho dentro do peito das moças, mas, pensaram que deveria ser brincadeira dele e, que o frio intenso e o ar rarefeito, deviam ter mexido um pouco com os miolos dele.

 

Verdana e Luna tentaram sair da caverna, mas, a mesma não lhes deu passagem. Parecia um portal sem luzes piscando, sem brilhos neon. As moças gritavam, se jogavam contra a abertura da entrada da caverna, como se fossem arrombar uma porta, mas, tudo em vão. Perceberam que apesar de todo o esforço, elas não transpiravam. Não fazia diferença se estavam vestidas ou não, a temperatura lá dentro era gostosa, nem quente tampouco fria.

 

Para desespero delas, Jadel dizia que elas agora, eram suas companheiras de sina. Celulares não funcionavam e depois de muito choro, Luna e Verdana sentaram, encostando na parede da caverna. Luna que era mais curiosa e tinha uma audição sensível, colou o ouvido na parede da caverna e, ouviu uma voz rouca e arrastada, que falava...meus...todos meus...

 

 

 

 

Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 05/08/2023
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