FOI NA VESPERA DE REVEION de 1975, MUITAS MORTES OCORRERAM.

FOI NA VESPERA DE REVEION de 1975, MUITAS MORTES OCORRERAM.

Vindo de São Paulo, da parte mais alta da Rodovia, logo após fazer uma curva e após adentrar na reta a carreta se desgovernou, quando o chofer pisou no freio e esqueceu de ato contínuo puxar o “manequinho”, isto mesmo naqueles tempo de 1975, as carretas ainda não tinha freios sincronizados, e se alguma tinham, aquela que desgovernou ainda não tinha. O local era divisa São Paulo/Paraná.

Era 30/12 por volta das 14:00 horas, quase véspera do reveion quando uma família de 7 (sete) pessoas que andavam pelo acostamento a esquerda no sentido contrário em direção a São Paulo, quando no deslizamento do cavalo mecânico da Scania foi empurrado pela carreta, cujo manequinho freou atrasado veio empurrando e passou por cima das 07 (sete) pessoas, uma família quase inteira de São Paulo, que estava passando o reveion em uma chácara a 3/5 km do local do acidente. 05 (cinco) daquelas pessoas foram ralados pela passagem da carreta sobre eles, e 02 pessoas não faleceram no local e puderam serem colocadas em carros que iam em direção a Curitiba quase 200 km de distância para serem socorridas em hospital; era a situação que se tinha, era a melhor opção de socorro, não havia outra possibilidade.

Há época a rodovia BR/116 (Regis Bitencourt) era única faixa de rolamento, uma única com dupla mão de direção, não era ainda duplicada, estava em processo de duplicação em alguns trechos, O Policial rodoviário que estava ao volante, tinha 21 anos de idade, recém concursado e recém saído da escola de polícia, era o mais novo PRF do Brasil naqueles dias, e como o motorista da viatura era ele que tinha que avisar a família no endereço que os mesmos estavam sobre o acidente e dizimação de parte dela e dos encaminhamento dos dois ainda vivos para o Hospital em Curitiba em estado grave, nunca mais soubemos se sobreviveram.

Poucos podem imaginar a tarefa de comunicação de uma notícia destas, de forma pessoal, presencial, ao restante da família que nada sabia na chácara, a 3,5 km de distância, onde os falecidos estavam hospedados,

Para o restante da família que sobrou anfitriões na chácara, os riscos de trauma ao receber a notícia era muito grande, mas muito poucos sabem o trauma em ver o acidente, ser a autoridade do local com 21 anos de idade, e ter a obrigação de fazer a ocorrência do acidente, de prestar os primeiros socorros, sinalizar o local, comunicar a polícia civil de Jacupiranga, com deslocamento da viatura para pontos distantes até 30 km, para conseguir sinal de Rádio, para comunicar a central em Registro-SP, distante quase 200 km, para deslocar outra viatura para a Delegacia de Jacupiranga-SP, ou residência do Escrivão, visto que este Escrivão era o único funcionário da Delegacia da Cidade, para que este pegasse uma carona (um transporte) com o carro funerário que então iria descolocar até o local, para raspar com enxada os restos mortais dos corpos “ralados” no acostamento da rodovia e misturado um corpo ao outro, para fins de transporte ao IML de Registro-SP, para fins de identificação correta dos referidos corpos, apesar de recolhermos eventual documentos dos corpos no acostamento da Rodovia 116, no local do acidente, e não podemos esquecer que não havia na época EXAMES de DNA, que só surgiram para alguns casos na década de 1890, quase 20 anos depois.

A policia Rodoviário, não tinha há época, viaturas de socorro, nem helicópteros como tem hoje, e tudo tinha que ser improvisado com o que tínhamos na época, e depois de sinalizado, liberação parcial da rodovia, proteger os restantes dos corpos no acostamento local, aguardar a policia civil, para tirar umas fotos, ainda não digital, fazer a ocorrência no local, e ajudar de alguma maneira o motorista do rabecão (funerária) empresa privada a retirar e transportar os corpos até o IML, que era quem fazia isto há época como serviço gratuito com a esperança de serem contratados em seguida para transporte dos corpos para as cidades dos falecidos e então receberem pelo trabalho.

Está certo que estas funerárias faziam muitos serviços de recolhimento nas rodovias, e podiam se dar o luxo de perder algum transporte, e ganhariam em outros que conseguisse o contrato do funeral/transporte.

Jacupiranga há época tinha um delegado de polícia que residia e trabalhava em são Paulo, e passava uma vez por mês para assinar papelada.

Do lado do Paraná após a divisa era o Município de Campina Grande do sul, do lado de São Paulo, descendo a serra por quase 150 km era a cidade de Jacupiranga o Município do local do acidente.

Não era a primeira experiência do PRF, apesar de ter 21 anos, já estava na corporação há 1 (um) ano, e na rodovia após a escola de policia desde o inicio de abril/1975, já tinha atendido naquele final de ano, mais de 30 ocorrências com vítima e mais de 7 com vitima fatal, tendo sido a primeira ali próximo onde uma brasilia chocou de frente com uma caminhão Mercedez carregado de arroz e apesar de não ter estragado os veículos, o motorista da brasilia faleceu e nesta data o PRF de 21 anos, não motorista e tinha que ficar no local para sinalizar e guardar o local e então enquanto a viatura viajou para Jacupiranga para pegar o Escrivão ficou da meia noite até as 04:00 horas da manhã, no escuro, no aguardo por quase 4 horas guardando o corpo.

Meses antes tinha atendido um outro caso de um carro que entrou na traseira de um caminhão com temperatura abaixo de zero, era difícil tirar as luvas, congelar as mãos e escrever a ocorrência.

Em 17/06/1975, dia histórico para a lavoura cafeeira paranaense e mundial, visto que nesta época o paraná tinha um grande percentual do café do Brasil, que tinha 80% do café do mundo, um frio muito intenso matou pela geada e neve, mais de 90% do café do Paraná-PR, e nesta data de maior frio talvez nesta região da serra do azeite, nevou e nevou bastante, matando parte das matas da serra, bem como as poucas pastagens que existiam no meio da mata.

A serra era e é ainda histórica, por ser o esconderijo por aqueles tempos do “Capitão Lamarca”, revolucionário de esquerda que abandonou o Exército para lutar pela revolução, tinha ele inclusive uma torre de rádio próximo a registro para transmitir mensagens revolucionárias. Foi depois de mais de ano, perseguido que conseguiu fugir do local após matar um cabo da Polícia Militar e usar as fardas dos mesmos para evadir em seguida para o Nordeste, onde foi caçado e morto.

A PRF tinha um posto (uma casinha de Madeira) com um rádio de grande alcance no alto da serra do azeite, em frente ao Restaurante do “Manecão/proprietário”, quase tudo de madeira, neste posto sempre ficava de plantão um PRF, e no trecho de Cajati até a divisa quase 100k, ainda tinha uma viatura com dois PRF, um dirigindo e outro acompanhando.

Este acompanhante do motorista, era então encarregado de anotar as ocorrências esta viatura com dois PRF além de patrulhar todo o trecho eram os únicos policiais na região de toda a serra do Azeite, que tinham populações e vilas esparsas, era também a única viatura com “MACA” para socorro e conduzir pessoas até o hospital mais próximos que era registro (200 km distância), onde também havia o posto da PRF.

O patrulhamento da grande extensão da serra do azeite até a divisa, como já dito era feito por uma viatura que eventualmente no meio da madrugada estacionava junto ao posto PRF de madeira que emprestava luz do gerador do Restaurante Manecão e como dito pela falta total de policiamento na região, muitas vezes era suprido pela PRF, os conflitos nos comércios próximos a rodovia, onde a PRF eventualmente detinham pessoas e encaminhava as Delegacias de Polícia.

A rodovia estava em obra de duplicação, com as empresas Camargo Correia e Mendes Junior dividindo as obras, e onde a PRF, tinha que fazer além do atendimento normal fazer sinalizações especiais das obras.

Estes relatos, feitos 48 anos depois sobre o acidente e o trabalho do jovem PRF de 21 anos, que trabalhava então nesta rodovia e passou por estas experiências, não é um relato que apesar de traumatizante, não deixou sequelas que interferissem na vida do Jovem PRF.

No mesmo dia, após ser substituído na viatura no referido trecho rodoviário, pegou carona em direção ao posto central de registro, quase 200 km do local e então passou por outro acidente entre Registro e Jacupiranga, onde um corcel de Curitiba, após um capotamento seus ocupantes em número de 04 quatro, todos morreram.

Chegando a base, saindo do serviço após trocar de roupa, pegou ônibus foi para o Rio de Janeiro-RJ, onde iria passar o Reveion com uma amiga conhecida em um acidente naquela região.

Lá chegando hospedou-se no Bairro do Catete, e pegando o bondinho para Sta Tereza, para reunir para o Reveion na casa da irmã da amiga.

Lá se encontrava um rapaz gay de Curitiba, chorando a morte dos quatro acidentados do corcel entre Registro e Jacupiranga, e no qual o mesmo era para estar juntos.

A chegada do PRF que identifica como visualizador do acidente do corcel, acirrou os nervos do sobrevivente presente graças não estar viajando junto e fez com que sentimentos da morte dos amigos na rodovia, fizesse com que o amigo vivo se comportasse mal, e devido suas preferencias sexuais de gay trouxe um desconforto na passagem daquele Reveions,

Passado o Reveion, voltaram então após as 02 horas da manhã descendo a pé o morro em direção ao hotel, onde no caminho, o Curitibano e a amiga foram para a praia do Botafogo, em telefonema na manhã seguintes as 9:00 horas, soube da noticia que ela tinha ido para o IML, reconhecer o amigo sobrevivente de Curitiba que tinha suicidado, se jogando em baixo de um carro naquele Bairro e praia do Bota Fogo. quando então resolveu voltar para São Paulo, para a vida cotidiana de começo de ano, trabalho na escala 12/24 e 12/48, sendo que na folga de 48 fazia faculdade.

No relato acima, ficou claro que muitas coisas mudaram neste período em termos de comunicação, de rodovia, de veículos, naquela época além das Chevrolet Veraneio, ainda tinha patrulha Volkswagen Fusca 1300, ano 1972, que para há época eram ótimos veículos, tanto que o Inspetor chefe, tinha um que usava com luxo em sua apresentação.

As atividades de PRF, virou filme com o Inspetor Carlos Miranda, representando um Policial, que de ator, acabou por virar Policial Rodoviária da Policia Militar de São Paulo, e aposentou como Tenente Coronel, vivendo até recentemente no Litoral em Itanhaem, salvo engano, muitos poderão ver estes filmes que se encontram no YOTUBE. 30/12/2023

estreladamantiqueira
Enviado por estreladamantiqueira em 01/04/2024
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