Confissão de um Dissipado

Minha terra, minha origem, meu torrão, meu berço natural.

Musa adorável que sempre dá colorido aos meus sonhos e dentro deles consegue me conduzir aos saudosos momentos da minha inesquecível e tenra infância.

Tu és fonte inesgotável de minha inspiração, o que me faz pensar diuturnamente de estar sempre ai, andando por tuas ruas, mas... sempre ai: plantado em teu solo que parece nunca desgrudar de meus pés. Chão que apesar de tão distante ainda sinto pisando-o, empoeirado e lambuzado com tua terra roxa tal quando criança que brincava feliz. Por isso vivo remoendo de saudades de ti. Saudades de tudo que é teu: do teu povo alegre, risonho, simples e amável; do meu fazer nada sentado nos degraus de igreja-matriz; de teus pássaros maviosos que me acordavam nas manhãs de minha aurora; da tua flora farta e perfumada; do calor do teu Sol de verão e da brisa confortável de tuas agradáveis noites de luar; do prosear animadamente descontraído sob a copa de tuas árvores e dos colossais sorrisos nos bate-papos em mesas de botequins; das tuas festas temporárias e dos alegres cancioneiros nas tuas plantações e colheitas; da alegre música do alto-falante que muito falava de amor e do agitado frenesi de tua feira-livre; das donzelas debruçadas nas janelas si rindo à toa enquanto esperava pelo bem-amado e das festas missionárias com suas procissões; das “peladas” de futebol na grama da praça e do canto melancólico de teus carros de bois deslizando nos becos e ruas, enfim, tudo de ti é só saudade para este filho que fica a te dever presença, mas que confessa tê-la brilhosa no fundo do coração.

São Paulo, 11 de agosto de 2007

José Pedreira da Cruz
Enviado por José Pedreira da Cruz em 15/06/2008
Reeditado em 21/04/2009
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