Ver além daquilo que somos...

"Ontem quando ia em direção ao meu trabalho, a manhã vinha se levantando sobre o frio de Nova Friburgo...O sol começava a dar luz as plantas, e as árvores pareciam abrir os braços se despreguiçando num balançar de galhos ao deixar-se cair aquelas gotas de brisa e neblina que fazem de madrugada...

Ultimamente minha cidade vem tendo dias lindos. Todos os dias na realidade carregam algo belo de si e leva de nós uma sobrecarga boa ou ruim...Isso depende como sempre iremos agir no decorrer do nosso tempo...Tempo que dura exatamente 24 horas.

Não são apenas meia hora do nosso dia que gastamos, e muito menos 1 hora, nós temos exatamente 24 horas para tomar decisões, escolher caminhos, direcionar pensamentos, erguer forças e tirar energia dos alimentos e de repente de uma frustração que nunca saberemos de fato enfrentar, mas que já foi enfrentada, porque o se r humano com fé, carrega uma lâmpada acesa capaz de iluminar qualquer caminho onde passe, desde que sempre coloque como guia o nosso Deus maravilhoso, que é capaz de andar até mesmo por nós, quando estamos fracos ou achamos que não há mais sentido em nossa vida. Lá estava eu, observando o modo das pessoas e a forma de falar e agir de cada uma delas, e eu percebia que todos nós temos algo em comum, que é exatamente a nossa vida...

Sim, temos apenas uma vida, e nela se não soubermos aproveitar os momentos acabamos por esbarrar nos canteiros de um jardim sem graça, sem cor, sem flores...

Sempre em minha vida eu quis enxergar além das coisas, além das pessoas, além dos fatos, e por fim além de eu mesma...

Me lembro ainda quando era criança que ganhei um diário de meu pai, e quando eu escrevia não apenas passava a me conhecer, como também a ir além de mim através de meus sentimentos, medos, indecisões, sonhos e desejos escondidos e até mesmo transparente. Tudo fazia sentido e tudo não fazia sentido. Quando fui crescendo comecei a entender que eu precisava ir mais do que apenas as palavras, pois elas vinham de dentro, mas teriam que sair daquela mesmice da caneta e do papel. Então crescer para mim foi desmentir, na realidade quando nós crescemos estamos desmentindo tudo aquilo que as pessoas dizem que é verdade para nós. Quando cresci eu tive um verdadeiro tombo, eu caí feio no chão, e doeu muito, porque a realidade era dura e concreta, então eu não poderia ir além daquilo que realmente os fatos eram. Mas sempre me questionava: Quem eu sou? Por quê eu preciso crescer tão rápido? Será que realmente precisa doer?

Sim! - a minha consciência falava e explicava para meu pobre ego. Ego que já se encheu tanto de prestígios por tão poucas coisas alcançadas, ego que quis tanto as coisas materiais e no final viu que era apenas uma tentação de momento. Como eu posso ir além? Eu me perguntava e pergunto até hoje! Eu sei que a nossa vida é simplesmente a mesma em todos os sentidos. Nós temos as mesmas necessidades fisiológicas e biológicas. O nosso organismo é dotado de órgãos internos e externos que envolvem o nosso corpo em uma dinâmica perfeita de sincronismo e ritmo.

Temos os mesmos hábitos e costumes, embora muitos não tiveram a sorte de serem amados e procuraram com isso outros modos de vida, de repente até mesmo a violência do corpo e da alma, que subjetivamente não nos faz diferentes, mas apenas muda o ciclo, e a nossa capacidade de agir e de uma realidade que envolve um cárcere sem limite, uma prisão sem escolha. Muitos não tiveram a oportunidade de estudar, ou de serem pessoas dignas, até porque ninguém nasce mal, mas os fatores externos é que deixam uma conduta espelhada no ser humano por aquilo que ele é hoje. Ninguém pede para nascer pobre ou em um ambiente de violência, tudo são fatores que o ser humano cria dentro dele mesmo e de sua vida. Nós só escolhemos a partir do momento em que há consciência daquilo que é certo e errado. Á partir disso é que podemos realmente de fato entender a posição que uma pessoa está tomando, pois também não concordo com um julgamento precipitado de nossa parte, se temos muitos erros também, e sim cabe a Deus julgar a cada um de nós, e indo além eu posso ser eu mesma. Indo além eu posso descartar todo tipo de pensamento ruim e trazendo aqueles bons para mim, porque ir além é descobrir um mundo novo com nossos sentimentos bons, e por enxergar dessa forma eu me baseio naquilo de repente que algumas pessoas não querem ver, não conseguem ver, não têm tempo para ver...

Eu sempre com a minha sensibilidade aguçada me despojo daquilo que é muito concreto, pois prefiro ter um olhar mais amplo para aquilo que as pessoas de repente estão cansadas de verem e não compreendem o quanto é maravilhoso. Nossa vida é tão única, tão cheia de surpresas, e entendo que muitas delas são até mesmo complicadas de se definirem quando achamos que somos injustiçados, mas indo além você começa a perceber o outro lado. O lado em que os olhos não alcançam, porque o que precisa ir primeiro é a nossa razão, que junto dela vem a reflexão, e quantos de nós não tem tempo para refletir e pensar naquilo que realmente é para ser pensado. Pensar antes de agir ou de falar. Ter tempo para ir além de nossos pensamentos para transformá-los em um lugar seguro e protegido, de repente até mesmo preparado para enfrentar uma situação ou outra, e tudo porque sabemos ir além de nós mesmos, e compreendemos o maior sentido da vida, que é exatamente viver essa aventura tão gostosa e fascinante.

Ir além para não apenas viver a vida de qualquer jeito, mas vivê-la com gratidão por tudo aquilo que Deus nos oferece, que é totalmente gratuito. Deus, nosso Criador é tão bom, que nos deu a vida e muitos dons e talentos que nasceram conosco e ainda por cima gratuito. Então ver além, é sentir, é viver o momento, é olhar o jardim, o sol nascendo, a nuvem que passa e fica, a brisa que bate, a chuva que cai, o horizonte do mar...

Ver além é calar para não brigar, amar para não desperdiçar o tempo, ser ferido para não ferir, perdoar, não esperando perdão, dar, sem esperar, porque além daquilo que somos, apenas seremos nós mesmos.

Roberta Mendes de Araújo
Enviado por Roberta Mendes de Araújo em 24/07/2008
Reeditado em 25/07/2008
Código do texto: T1096190
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