Não são os homens ou as mulheres que se tornaram insensíveis na modernidade. Na verdade o que se vê são equívocos, palavras que não foram ditas gerando controvérsias, distorcendo o que realmente se deseja, ofuscando o brilho que se tem nos olhos de quem ama.

Ambos perderam-se em discussões inúteis de papéis e lugares, uma disputa que acarretou distorções e que transformou o ato sexual mais importante que o respeito mútuo.

Percebo que, homens e mulheres buscam afeto, companheirismo, carinho, amizade, mas, colocam o desejo sexual acima do conhecimento de si mesmo e do outro.

Buscam, mas temem o amor, porque se criou uma idéia de que quando se ama, perde-se a liberdade.

            Muitos se valem do acúmulo de relações que têm para afugentar a solidão que sofrem. Relações essas, tão superficiais quanto ao amor que dizem sentir. Desgastam-se em palavras e atitudes que não preenchem. Usam-se e são usados. Não percebem o quanto se ganha quando há em uma relação uma troca maior do que simplesmente o encontro de corpos. Não que relações e desejos sexuais não sejam importantes, mas sozinhos, não preenchem o vazio que a grande maioria demonstra sentir.

            Como droga que sacia momentaneamente e que depois, aumenta a dor de se conviver com a realidade. Há prazeres tão efêmeros e embriagantes que quando terminam, deixam a sensação de incompletude, que por sua vez, nos leva a novas buscas. Insaciáveis e insatisfeitos trocamos de parceiros como se substitui um objeto que já não nos vale.

Consultórios repletos de pessoas queixando-se de solidão, atordoando-se com a depressão e tão fechados quanto casulos que guardam o que há de melhor dentro de si.

Falam de amor, querem amar e nem percebem o quanto fogem do que desejam. Banalizam o que precisam e sofrem por não perceberem o que, de tão simples, se tornou escasso.

Homens não são insensíveis, são humanos. Demonstram menos, mas nem por isso deixam de sentir. Mulheres precisam sim ser independentes, mas nem por isso, precisam perder a sensibilidade, o feminino. Ambos, apesar de negarem, amam o romantismo dos enamorados, o pieguismo existente nas manifestações de afeto, nas palavras que encantam e que, aí sim seriam preenchidas pela união de corpos, a troca absoluta de carinhos, a energia que emana de pessoas que se encontram além do momento.

Não importa o quanto dure, se para sempre ou o tempo necessário para ser eterno, há algo de mágico no Amor que dignifica, enobrece e sustenta todo o alicerce desse ser tão complexo e indefinido, chamado SER HUMANO.