Aquela tarde

Aquela tarde não parecia ser como as outras, pelo menos aos meus olhos.

A casa quente, abafada, e a chuva lá fora que não desistia de cair, era um tempo estranho, pois não ventava, o dia era de um calor úmido.

As janelas todas fechadas, só pioravam essa situação, a energia havia acabado e eu precisava terminar aqueles projetos para minha aula logo de manhã.

Eu andava de um lado para o outro e a vela na mesa parecia querer apagar outra coisa estranha já que naquela noite não ventava, não havia idéias em minha cabeça, e a pressão de terminar dava a impressão de afastar as idéias...

Já havia me sentido assim antes, em alguns projetos anteriores, e lembrei-me de como eu os havia resolvido. Caminhei até a cama e liguei o ar condicionado tentando esperar que com aquele pingo de conforto as idéias surgissem, mas nada apareceu...

Isso já estava me irritando, voltei até a mesa e escrevi no papel algumas dúzias de palavras que apesar de não terem me agradado eram necessárias para o término do meu trabalho.

Pronto! Agora eu poderia pelo menos descansar um pouco, mais parecia que o destino não me queria dormindo, o clima no quarto era perfeito para uma boa noite de sono, mais eu não conseguia dormir.

Virava-me na cama e o sono parecia presente mais não queria tomar conta, me levantei e abri a janela e um barulho ensurdecedor tomou conta da casa. Olhei para o prédio do lado e percebi alguns caminhões de mudança chegando no local e me lembrei dos boatos sobre o senhor que iria comprar todos os apartamentos.

“Bela hora para trazer a mudança” pensei comigo, fiquei ali mais alguns minutos e percebi o tal senhor, magro, com apenas alguns poucos cabelos brancos na cabeça, um terno muito bonito e alguns empregados cobertos de malas mais atrás.

No passar de alguns dias notei que o homem não saia de casa nem para ir até a bela cobertura que ele tinha.

Naquele mesmo dia olhei pela janela e vi o homem jogado no chão e mais a frente dele uma mancha escura no chão.

Assustado sai correndo e por sorte o apartamento estava aberto, corri e olhei para a mancha e descobri do que se tratava... Sangue...

Liguei para a polícia e quando chegaram notei na mão do homem um bilhete que dizia:

“Deixo uma vida que eu sempre quis deixar e agora abandono esses anos sendo mandado a fazer o que não queria e sendo julgado louco, e tendo perto de mim somente pessoas interesseiras...”.

Fernanda Ferreira
Enviado por Fernanda Ferreira em 26/11/2008
Código do texto: T1304495
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