Queria ter 29!

30? Não, não! 29! 29? Será? 28 eu acho que é muito cedo. E 30 parece tarde. Parece que quando se tem 29 anos e 11 meses você ainda é novo. 30 dá um ar de mais velho, experiência, de muito tempo vivido.

Decidido então: 29. Queria ter 29 anos.

Hoje com quase 20 (falta pouco! Apenas uma semana...) eu planejo tanta coisa. Queria muito ter uma bola de cristal para saber o que me aguarda daqui 9 anos. Na verdade, o que me aguarda durante esses 9 anos.

Lembro-me que quando sentava com a minha melhor amiga da época, ou com algum dos meus velhos diários do R$1,99 que ganhava, pensava que aos 21 anos estaria casada, e muito bem casada por sinal. Aos 24 teria meu primeiro filho, e de preferência uma menina. Talvez mais um filho... Por acidente, ou por insistência do meu marido. Entre um acontecimento e outro me formaria, e teria o meu trabalho como um hobby. Pronto! Era o plano para a minha vida adulta. Achava que passaria a maior parte do meu tempo me dedicando à família, e ponto final.

Hoje percebo o quanto eu sou frustrada (ou não!) por achar que seria assim. Acredito que conhecia pouco o mundo aqui fora, e conhecia muito pouco os homens. Muito pouco mesmo!

Não vou casar aos 21 anos, não terei uma filha aos 24 e muito menos terei minha profissão como hobby. O meu maior sonho é correr dentro de um hospital. Atender, ajudar, pegar um coração na mão e o sentir bater. Não me enxergo dependente de um marido, e correndo o dia inteiro atrás de crianças dentro de um apartamento.

Hoje, aos quase 20, tento adivinhar meus 29. Acho que minha maior prioridade é a minha carreira. Desejo tanto ser bem sucedida. E sucesso pra mim não é dinheiro, e sim realização profissional. Acho que nunca vou me achar bem sucedida a ponto de me sentir satisfeita. Vou sempre achar que posso fazer mais um pouco. Imagino algumas noites dos meus 29 anos. Uma delas será na cama, eu e meu marido, discutindo se é a hora certa de ter um filho, planejando a adaptação de nossos trabalhos... Outra noite, fazendo uma das duas surpresas que tenho em mente pra dizer que estou grávida. Em outra jantando com os familiares para comemorar a vinda de mais um membro.

Estranho tudo isso, com toda certeza. Falo de 9 anos, e não de 9 dias. E quando disse que me sinto frustrada por saber que não estarei aos 21 como fantasiava aos 11, não é pelo fato “não estar”, e sim por saber que posso me frustrar de novo aos 29, por não estar como imagino agora, aos 20. Acredito no amor, quero um pra chamar de meu, mas ando tão descrente em relacionamentos que isso acaba me fazendo reavaliar o que planejo pra mim daqui alguns anos. E olha que não quero um amor surreal pra minha vida. Quero aquele à moda antiga. E já me sinto um tanto frustrada por ver como isso é escasso.

Mas tanta coisa pode acontecer... Certas coisas passam por minha cabeça e me assustam. Às vezes acho cedo para planejar o meu futuro, e às vezes acho que perdi muito tempo imaginando como seria, porque faltou planejamento. Envelhecemos a cada piscar de olhos, e nem nos damos conta disso. Os aniversários parecem que encurtaram o tempo de chegada. E eu tenho medo. Medo de abrir os olhos diante de um espelho e ter 43 anos, e achar que não consegui realizar os meus sonhos que estão enumerados na minha lista. Que horror! Nem cheguei aos 20 e já penso em uma remota decepção na 4ª década de vida! Espero ser normal.

Apenas espero que aos 29 eu alcance tudo o que almejo aos 20. Que a frustração seja apenas com os sonhos (imaturos, diga-se de passagem) dos 11 anos. Acho bom arregaçar as mangas, porque o tempo voa. A vida é um piscar constante, como Monteiro Lobato já disse, e ela não pára! Ontem eu fantasiava como seria hoje, e hoje sonho como será amanhã.

Daqui 9 anos eu venho contar o que aconteceu.