PARA ENTENDER A CRISE DO CAPITAL

PARA ENTENDER A CRISE DO CAPITAL.

Pesquisadores nacionais e internacionais já haviam enfatizado para a tão propalada crise do século XXI, ao apontarem as falhas estruturais fundantes do sistema capitalista. Entre estes podemos destacar a figura do húngaro, que atualmente vive na Inglaterra István Mészáros, que ao escrever Para além do Capital: rumo a uma teoria da transição, apresenta o “sistema capital como forma incontrolável de controle sociometabólico”. Dito de outro modo, este é um sistema que não permite o controle e, condenado a expansão acaba por autodestruir-se. A produção é descolada do consumo. Na voracidade pelo lucro o capitalista acaba por produzir em excesso e sem ter para quem vender entra em recessão. O resultado disso tudo é a crise da superacumulação.

Toda mercadoria encontra sua razão de ser na possibilidade de ser trocada por dinheiro. São as relações comerciais que realizam a mais-valia para enriquecimento do capitalista. A mercadoria é apaixonada pelo dinheiro. No entanto, o dinheiro é narcisista, só busca a ele mesmo. O dinheiro pode ser acumulado e, emprestado à juro se reproduz sem passar pelas cadeias da produção. Muito dinheiro estocado nas mãos de algumas pessoas e muitas mercadorias no mercado, ingrediente perfeito para crise. Assim, a viver/sobreviver num sistema pautado na extração da mais-valia e o lucro a qualquer custo, é imprescindível que questionemos: aonde é que tudo isso vai chegar? O que a sociedade – civil e religiosa - organizada pode fazer para conter a avalanche destrutiva do capital que está por nos exterminar? Que outra forma de organizar a vida poderá suplantar a organização capitalista que sobrevaloriza o ter em detrimento do ser? Estas são algumas das indagações que podem assinalar para uma outra forma de pensar o viver societário.

A saber, o capital necessita que uns tenham propriedade e outros não. A estrutura hierárquica do capital torna a divisão social necessária. Fortemente totalizador ele busca se apresentar ideologicamente como o retrato da democracia exemplar. Na realidade o trabalhador é livre para vender sua força de trabalho e receber o que o capitalista “pode” pagar. Utiliza-se do verbo “poder” devido ao entendimento de que para sobreviver, enquanto capitalista, este é obrigado a desenvolver aptidões que o leve a explorar ao máximo a força de trabalho e remunerá-la o mínimo possível. Caso contrário perderá a batalha frente a seus concorrentes e tornar-se-á ele mesmo um trabalhador aviltado daquilo que produz. Para o sistema capitalista pouco importa quem são os beneficiários e/ou os marginalizados dentro dele. A transição de poder entre quem manda e obedece não faz diferença. No limite, o capital subjulga a todos inescrupulosamente.

Com conhecimento de causa, muitos afirmam que o capitalismo se alimenta das crises. Quanto mais desenvolvido mais ele se aproxima da crise. A crise é da superprodução. Em outras palavras, trata-se da produção de uma enorme quantidade de mercadorias para poucos consumidores. Afinal, o trabalhador não ganha o suficiente para se beneficiar com o que está a produzir e o número de desempregados tem aumentado diuturnamente. Deste modo, o capital degrada o sujeito real da reprodução social. O ser humano que deveria ser um valor fim tornou-se um meio, uma mercadoria. Dá-se assim, a inversão dos valores, o fetichismo da mercadoria. Decorre deste fato que as pessoas passam a valer menos do que aquilo que são capazes de produzir ou consumir.

Uma leitura atenta dos escritos de Mészáros, Orso, Saviani, Lombardi, Deitos, Lessa, Antunes e assim por diante, muito pode contribuir para a compreensão desta tão propalada crise. Para além de toda fraseologia o entendimento destas situações engendradas no contexto do capital ajudará a humanidade a fazer o enfrentamento. E, se nada for feito para cambiarmos esta realidade a barbárie se instaurará definitivamente. O tempo urge e exige uma tomada de atitude. Caso as coisas continuem neste patamar, restará aos seres humanos abastados/endinheirados - para sobreviver - a possibilidade de colonizarem outros planetas.

SolguaraSol
Enviado por SolguaraSol em 24/12/2008
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