Trem da Morte
Esse trecho merece um título individual....
Acredito que foi uma espécie de chave para fechar esse momento.
O que se vê fora e dentro dele é uma poesia...
Se vê capinzal
Se vê cemitério
Se vê refinadora de alguma coisa...
Se vê cavalos brancos e negros...
Se vê um caminho lateral e um caminho cruzado
Se vê boi branco... boi preto...
Se vê árvores... árvores... árvores...
Se vê borboletas e gaivotas...
O melhor serviço de bordo!
Por uma pequena quantia!
não existe melhor serviço de bordo do que a do trem da morte
Até óculos de sol e livro de piadas de vaca tem!!
Aí se vê um céu azuuuuuuuuul e nuvens brancas...
Aí passa um rostinho lindo de pessoinha pequena dizendo:
"pollo pollo pollo assado"
E se você fita os olhos nesse rostinho, ela abre um sorriso só!
envergonhada como quem pensa: "eita, ela me viu!"
Aí se vê perros comendo restos de comida
que os passageiros jogam pela janela do trem,
Aí se vê eles latindo e correndo atrás do trem
que parte outra vez...
Aí se vê árvores... árvores... árvores...
Aí em meio a cochilos o sol se põe
Aí se vê as silhuetas das árvores
Aí se apagam todas as luzes e fica a maior escuridão...
Aí se cochila mais um pouco...
Abro os olhos devagar... um clarão!
E vejo a silhueta de mim mesma
Uma lua grande e brilhante
Tão grande e tão brilhante
que nunca tinha visto tão bem desenhado o coelho!
Aí se vê a silhueta das montanhas que passam na frente da lua.
A lua era pura poesia.... suspiros...
Não conseguia dormir por ficar tentando vê-la novamente
Senti ela me iluminar com seus reflexos
E assim vi a lua se pôr e o sol nascer,
e o céu do vermelho mudar gradualmente para o azul de novo...
Deixei mentalmente minha apacheta* imaginária no caminho,
com meus pedidos e minha oferenda...
O trem...
ele passa... ou nós passamos?
*apacheta
pedras dispostas uma sobre as outras usadas pelos incas para marcar caminhos, e em outro momento também acreditava-se que as pedras realizavam desejos.