O Desafio do Desenvolvimento Sustentável
O homem, na sua ganância insaciável pelo lucro, não se importa com as consequências da ação nociva que ininterruptamente vem praticando contra a natureza, pois continua a agredi-la sem nenhum remorso, porque almeja ficar cada vez mais rico e poderoso.
O desmatamento das florestas e as queimadas ocorrem com muita frequencia. Os oceanos e os mares são ‘inundados’ por dejetos ou por imensas manchas de óleo. A atmosfera ‘sufoca’ com os gases tóxicos emitidos principalmente pelas grandes fábricas e se deteriora todo dia. Tudo isso está acontecendo porque o (irreversível) progresso chegou a um estágio de culminância, no qual o bom senso no trato com a terra, o respeito pela vida, a ética humana tornaram-se ideias tão desprezíveis quanto qualquer ação que preze pela conscientização sobre a importância da preservação do planeta terra.
O que se deseja é acumular riquezas: foi essa a intenção durante a exploração do pau-brasil pelos portugueses no século XVI, na corrida pelo ouro em Serra Pelada, na descoberta dos diamantes em Minas Gerais; e é agora, século XXI, na busca pelo petróleo ou por um combustível que possa fazer de um país uma superpotência econômica. Para que esse projeto ‘lucrativo’ se concretize, é preciso servir-se diretamente dos recursos naturais, por exemplo, usando territórios de grande extensão, nos quais seja possível plantar uma quantidade imensurável de matérias-primas como a soja, o milho, a cana-de-açúcar etc.com a finalidade única de fabricar para vender. Contudo, a repetição dessa prática desgasta tanto o solo, que ele fica completamente inútil, ou seja, morto.
De outro lado, o comércio ilegal de animais, que é o terceiro mais ‘rentável’ e só perde para o de armas e drogas, é favorecido pela impunidade, devido ao afrouxamento das leis que tratam desse crime específico, visto que os (ir)responsáveis pelos maus-tratos têm direito a uma fiança, cujo valor é completamente insignificante. Esses bichos são mutilados, submetidos à tortura, engaiolados sem qualquer assistência e – o que é mais alarmante – estão sendo extintos sob o olhar indiferente da nossa sociedade. É um verdadeiro extermínio, que está desequilibrando a natureza e contribuindo (ainda que de uma forma sutil) para a nossa própria extinção!
O homem precisa ter consciência de que não é dono da natureza. Essa pretensão é que o faz maltratá-la. Ele deve repensar a sua relação com ela, considerando a possibilidade de reconhecer que faz parte dela, que depende dela, que se insere nela e não pode, portanto, continuar a danificá-la, uma vez que sua ação funesta é, acima de tudo, reflexiva, isto é, tende a recair (com uma violência ainda maior) sobre si mesmo: basta lembrar aquelas ondas que mataram centenas de pessoas num instante, o calor insuportável que, na Europa e EUA, também faz vítimas fatais, simples amostras da extraordinária força da natureza.
Desenvolvimento sustentável é ir além de plantar árvores, de recuperar os rios, de evitar o desperdício urbano, é, na verdade, (e este é o grande desafio) combater o próprio homem, que teimosamente insiste em agir de forma predatória, traficando animais silvestres, por exemplo. É educá-lo para que se questione a fim de que assuma a responsabilidade pela preservação da vida. É fazê-lo enxergar que está errado ao pensar-se superior à natureza. É fazer com que siga exemplos de homens como Chico Mendes, Dener Giovanini, como a missionária Doroty Stang, entre tantos outros seres humanos abastados, de uma bondade sem limites, de um carinho enorme pelo próximo estivesse ele na fauna ou na flora.