O relógio nunca mente

É meia noite...

O relógio ecoava o barulho que faria as crianças dormirem, se tivesse alguma naquela casa solitária, se tivesse alguma alma, fora a de um ser vazio, que de viva não tinha nada, de som não tinha nada, de alma não tinha nada...

Era meia noite...

Isso confundia a mente de tal ser, aquela badalada, aquele som ecoando, já teve algum significado a ele, não se lembrava quando, mas houve um dia em que uma velha senhora lhe dava leite quente com biscoitos, justamente nesse horário, justamente a esse mesmo som...seria a hora dos biscoitos?Mas onde estava a velha senhora?

Meia noite...

A hora dos sonhos, isso, a hora em que dormir passa a ser prazer e não obrigação, a hora em que filmes de terror prezam o medo, pois todo mal viria em tal horário...mas onde estava o mal?onde estava o bem?Qual filme era mesmo aquele?

Bleeen...bleeen...bleen

Soava aquele velho relógio, quando cessariam as badaladas?E os pensamentos?Houve um tempo em que ele era feliz, hum, onde está ela agora?Filhos, ah, ele quer ter vários...mas espere...não lhe falta algo?Ah sim, o amor, era mesmo uma flor roxa, ou seria rosa?Essa dor de cabeça que não passa...Onde está ela??

O relógio já soava meia noite e um...hora de dormir, amanhã essa mesma repentina hora a dor de cabeça voltará, o relógio nunca mente, as pessoas que o fazem mentir. Mas afinal, porque ela sumiu?Não ia ser pra sempre?Essa casa vazia lhe diz o contrário, apenas ele e o vulto de fantasmas inexistentes, ou será que eles existem?Só queria que um deles falasse, para ele não se sentir tão só, ou mesmo não se sentir tão morto, diante de tanta vida que via através da janela.

Porque quando soa meia noite, o medo toma conta, o café já não adianta, os sonhos viram pesadelos e as luzes...bem, as luzes se apagam.

Khris
Enviado por Khris em 05/07/2009
Reeditado em 05/07/2009
Código do texto: T1682925
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