As cercas que geram as desigualdades

“O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, disse “isto é meu” e encontrou pessoas suficientemente simples para respeitá-lo. Quantos crimes, guerras, assassinatos, misérias e horrores teria evitado à humanidade aquele que, arrancando as estacas desta cerca (...) tivesse gritado: Não escutem esse impostor, pois os frutos são de todos e a terra é de ninguém.

A frase de Jean-Jacques Rousseau dita em meados do Iluminismo traduz de forma clara a origem de todos os males que perduram até hoje no âmbito social.

A sociedade, na busca do acúmulo de riquezas e privatizações de tudo, vem espalhando uma desigualdade sem igual: hoje, uma imensa maioria da população mundial vive abaixo da linha da pobreza – com renda de pouco mais de R$ 80,00 (oitenta reais) mensais. Do lado oposto têm-se empresários que retêm patrimônio maior que o PIB de muitos países de terceiro mundo: detêm poderes sobre exércitos, governos e assustam o mundo com o acúmulo de tanta riqueza.

Com tudo isso, há que se refletir um novo sistema, um sistema que não assuste tanto, que não deixe à margem a maioria. Há que se criar coragem e arrancar esta “estaca” que torna o de todos em privado a poucos, e empurra muitos ao “nada”. Há que se arrancar esta “estaca” enquanto se tem tempo, caso contrário homem “nunca” poderá dizer que a escravidão acabou, pelo contrário ela só mudou a forma de existir.