Danton: o processo da Revolução

O século XVIII foi um período no qual floresceram muitos ideais, entre os quais figura o ideal de homem civilizado e racional aventado pelos filósofos Iluministas que, basicamente, é um homem que faz o uso de sua razão, a qual o livra da obscuridade (Kant), da superstição e, consequentemente, do medo e da sujeição provenientes da ignorância.

O filme Danton: o processo da Revolução se passa no final desse século, portanto, dentro de um contexto de efervescência de ideais eminentemente iluministas que preconizavam o uso estrito da razão para dar inteligibilidade a todos os possiveis ideais que precisassem de razoabilidade,assim, esses teoricos buscaram inspiração noutras situações históricas de outros países que proclamaram sua independência em relação aos sistemas monárquicos. Desde esse ponto de vista, o grande feito da revolução francesa se deve em grande parte ao sangue de outros povos que não os franceses como genitores de uma mentalidade de liberdade que, em primeira instância, encantou os filósofos como, por exemplo, Voltaire, Rousseau, D’Alembert, Diderot etc.

Traço significativo do filme é o acento nos Direitos do Homem os quais foram proclamados durante a revolução francesa como coroamento da vitória sobre o regime absolutista que os ignorava por completo. Tal acento se dá em dois momentos, logo no inicio e bem no fim do filme. No inicio do filme uma empregada de Robespierre ensina ao seu irmão os direitos do homem e no final, depois de ter sofrido para decorar, o menino (irmão da empregada) os proclama ao mesmo Robespierre. Fato interessante dessa cena é que, neste momento, o líder dos jacobinos está numa grande crise de consciência justamente por estar cônscio de que está infringindo os direitos do homem, uma vez que está instaurando um período de decapitações dos rivais, entre os quais está George Danton, à revolução- obviamente que é o entendimento de Robespierre quanto aos inimigos da revolução. Fato esse que ficou conhecido hstoricamente como o Terror.

O processo que deu consecução a revolução francesa possui esse paradoxo, ou seja, proclama os direitos do homem, mas os negligencia em prol de um regime totalitarista. Então, cabe a pergunta: direitos de que homem?

Dranem
Enviado por Dranem em 27/02/2010
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