Volta às Aulas!

Era 1º de Março, meu primeiro dia de aula de 2010, na sétima série! Eu estava com meu fichário, indo, de ônibus, para a aula.. Cheguei na escola, e vários dos meus colegas estavam na frente do portão. Trocamos abraços e novidades. E então, tocou o sinal para entrarmos para nossa primeira aula. Na frente de cada sala, tinha um cartaz dizendo qual turma era ali. A minha era no terceiro andar. Entrei na sala, e eu e meus melhores amigos sentamos na fileira de mesas bem da frente da sala.

Entrou uma professora que eu não conhecia. Ela tinha cabelo castanho e liso, pelo ombro. Era magra e de altura média. Estava usando uma blusa roxa e um jeans. Minha primeira impressão foi que ela era uma pessoa legal.

− Olá a todos! – cumprimentou ela – Meu nome é Débora e eu vou ser sua professora de Português nesse ano! Antes de tudo, vou fazer a chamada. Quando eu chamar seu nome, levantem o braço. Assim, já vou me acostumando com os rostos de vocês, está bem?

Assim, ela foi chamando nome por nome. Quando chegou no meu, levantei o braço e ainda estava sorrindo, mas, quando me viu, o sorriso desapareceu e ela pareceu confusa. Ela ficou me olhando, aparentemente, sem saber o que fazer. Por fim, disse:

− Ah... Você? Bem... O que está fazendo aqui?

− Como? – perguntei – Eu vim para a aula, professora. – meus colegas soltaram uma risadinha

− Sim, sim. Eu sei disso. – falou a professora, ainda parecendo confusa – O que quis dizer é... O que você está fazendo aqui... Na sétima série?

Eu não respondi, pois não sabia o que dizer. Afinal, eu não havia passado de ano? A professora disse algo como “volto logo” e saiu apressada da sala. Meus colegas, devido a ausência de um professor, começaram a conversar, bagunçar e tudo mais. Menos eu, que ainda estava chocada. A professora voltou e a conversa e os risos pararam na mesma hora. Ela entrou na sala e, logo atrás dela estava a diretora. A diretora chamou meu nome e disse para eu acompanhá-la. Levantei-me e fui com ela para fora da sala. “Que estranho!”, pensei, “O que eu fiz para a diretora querer falar comigo? É recém o primeiro dia de aula, meu Deus!”.

− Senhora... – comecei

Ela me disse para não falar, que ela explicaria tudo na sala dela, e eu fiquei quieta. Chegando lá, ela me disse para sentar em uma cadeira e falou:

− Escute: Está havendo um engano. Pelo que me consta nos seus dados, você reprovou na primeira série, e então, não pode estar na sétima! – eu? Reprovei? Sempre fui uma boa aluna! Enfim, deixei-a continuar. – Está me entendendo? Era para você estar na sexta série!

Não consegui me conter e perguntei:

− Meu Deus! Vou ter que repetir a sexta série?

− Não, não! Na verdade, você vai ter que repetir desde a primeira série, pois foi lá que você reprovou!

Levantei-me de um salto! “Você tem de estar brincando!”, exclamei, incrédula. É claro, gritar com a diretora da escola não era exatamente o melhor remédio, mas eu estava chocada demais para pensar com clareza. Ela me olhou, talvez com pena, não sei dizer. E então, levantou-se também e foi até o canto da sala para pegar algo. Meu fichário! Até aquele instante, eu não havia percebido que ele estava ali. A professora devia ter pego ele quando eu estava em estado de choque, incapaz de prestar atenção nas coisas ao meu redor, então claro que não percebi. Ela disse para eu segui-la. Caminhamos pela escola, os corredores vazios, pois, obviamente todos estavam em suas salas. Descemos as escadas até o primeiro andar. Ela parou em frente a uma porta onde havia o cartaz mostrando que era uma turma de primeira série. Ela abriu a porta para mim e eu entrei na sala.

A professora daquela turma ainda não havia chegado. Uma menina ruiva me perguntou se eu era a professora. Morrendo de vergonha, simplesmente sacudi a cabeça e fui até uma mesinha vazia no fundo da sala. Um garoto me perguntou se eu ia estudar com eles. Eu dei de ombros. Ainda não havia assimilado aquilo.

Eu havia reprovado na primeira série? Mas como? Eu sempre fui uma ótima aluna! E, mesmo que eu tivesse reprovado, não deveriam ter me dito isso a uns seis anos? E, tudo bem, digamos que eu reprovei na primeira série, a escola cometeu um deslize enorme e não me falou. Vamos imaginar que tudo isso seja verdade. Mesmo assim, por que eu tinha que repetir a primeira série? Eu não deveria simplesmente repetir a sexta série, que seria onde eu estaria estudando agora? Ou talvez eles pensassem que eu poderia ter reprovado em mais alguma série, não há como saber. E então eu não estaria na sexta série, estaria em outra série ainda! Mas, realmente, será que não havia método melhor de resolver tudo isso do que me mandando novamente para a primeira série?

Interrompendo meus pensamentos, a professora da primeira série entrou na sala. Ela disse seu nome e passou os olhos por toda a turma, com um sorriso no rosto. Quando olhou para mim, ela franziu levemente a testa, e depois pareceu ter se lembrado de algo e abriu um pouco a boca, soltando um baixo “Ah.”. Ela ficou me olhando por um tempo, mas depois se recuperou do devaneio e começou a dizer as coisas que a primeira série iria estudar aquele ano. Ela iria ensinar o alfabeto, e algumas outras coisas que eu nem me dei ao trabalho de prestar atenção, mas que com certeza eram bem abaixo do meu nível!

Ah, meu Deus! Aquilo tinha que ser um pegadinha ou algo assim. Cruzei os braços sobre a mesa e pousei a cabeça neles. Eu estava quase chorando, quando alguém chamou meu nome. Levantei-me de um salto e, para a minha surpresa, eu estava no meu quarto, na minha casa! “Primeiro dia de aula!”, disse minha mãe que estava bem ao meu lado! Então, entendi tudo! Aquilo havia sido um sonho! Eu tive medo a toa! Agora que ia ser meu primeiro dia de aula! E, com certeza, seria bem mais tranqüilo que o sonho!

Ilovewriting
Enviado por Ilovewriting em 03/04/2010
Código do texto: T2175886
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