As mulheres da Rua do Fogo - Apresentação - (Final) Maria


Quase todos os sábados elas têm um local específico de reunião. Não é a garagem do predinho, onde os encontros são fortuitos, mas a casa em frente. Uma casa comum onde mora uma mulher comum, Maria Edith Cabral. Elas vão chegando, umas mais cedo, outras mais tarde, às vezes uma ou duas delas não aparecem. A mesa da cozinha sempre está posta. O café quente é passado na hora várias vezes e é consumido puro, ou com leite, acompanhado de pão e manteiga, bolo de fubá, broa de milho e de qualquer outra quintanda que elas trazem. O leite fervido comprado direto do leiteiro como não se usa fazer mais, tem sempre uma crosta de nata bem espessa. As pessoas entram e saem  como se fosse a casa de todo o mundo. A casa da avó. Ela sempre tem uma palavra amiga para cada uma. É a matriarca da Rua do Fogo. Em sua casa há um constante fluxo de pessoas e apesar da dor, seus olhos brilham. É como se o que ela desse, ali, para quem   precisa, fosse dado também, em pensamento, para Cora, a filha desaparecida.

       Tem fim aqui o capítulo denominado Apresentação que dá início ao meu livro As Mulheres da Rua do Fogo - em que pretendo contar, não sei quando, a história de seis mulheres, tomando por base o arquétipo feminino das seis principais deusas da mitologia greco-romana:

Tina - Atena/Minerva
Diana- Ártemis/Diana
Edith - Afrodite/Vênus
Júnia - Hera/Juno
Cylla - Perséfone/Prosepina
Maria- Deméter/Céres



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