História de Ensinamento...

" Hoje eu estava na rodoviária principal de minha cidade. E notei algo que muitos de repente poderiam desperceber.

Muitas vezes esquecemos de notar a ação de Deus em sua simplicidade e nos voltamos para nós mesmos sem perceber um sinal que devemos estar atentos. Naquela tarde simples, eu estava atrasada para uma prova da faculdade até ver aquele rapaz novo, ali sentado em uma cadeira de rodas vendendo balas. Ele ia de pessoa em pessoa apresentando a sua mercadoria com o seu colo ocupado de balas, mas as duas mãos seguiam dando voltas e voltas na rodoviária.

Eu admiro pessoas que lutam para viver, e pessoalmente percebo o quanto os deficientes físicos são guerreiros de enfrentarem tantos desafios, barreiras e principalmente os preconceitos.

A vida daquele rapaz que aparentava ter uns 28 anos de idade é naquela cadeira de rodas, e ele ao olhar para os olhos das pessoas para agradecer o troco, tinha que levantar o seu pescoço e elevar os olhos.

Muitos de nós não tem a coragem nem mesmo de olhar nos olhos das pessoas, e este rapaz fazia isso sem vergonha nenhuma. Até que houve um momento mágico em que eu visivelmente observei a ação de Deus naquele homem.

Uma garotinha de uns cinco anos estava olhando o tempo todo para o rapaz na cadeira de rodas, até que este se aproximou dela devagar e estendeu a mão para dar as balinhas. A mãe da menina estava do lado e já ia retirando o dinheiro para dar naquele homem, e ele balançou o pescoço dizendo que não era para ela pegar nenhum dinheiro, pois estava dando de presente para sua filha as balas.

A menina docemente deu um leve sorriso para o rapaz da cadeira de rodas agradecendo a ele pela gentileza.

O que mais me interessou neste fato é que muitas vezes nós cobramos muito das pessoas o que não sabemos doar para o outro.

De repente o que mais estava necessitado de ajuda era ele quem estava lá, daquele jeito, lutando pela sua vida, e de repente até mesmo passando necessidades.

Em nenhum momento o rapaz cobrou a bala daquela criança, mas em troca recebeu um sorriso. Ali naquele momento os dois ficaram no mesmo nível. Ela nem mesmo precisou se abaixar para olhá-lo e nem ele elevar seu pescoço. Naquele instante os dois se olharam fixamente e ela devolveu um sorriso puro de gentileza.

Muitas vezes somos nós os deficientes por não enxergar o coração das pessoas, ou até mesmo não conseguir se deparar com a realidade de forma diferente.

Somos nós os deficientes por nos acharmos tão auto-suficientes a ponto de só notarmos as coisas que nos interessam.

Muitos utilizam este frase:"-O problema não é meu, é dele!"

Se vivemos em uma comunidade, que significa uma comum unidade, ou seja, uma unidade comum por qual pertencemos. Sim, o problema do outro passa a ser meu também, e se eu posso ajudar essa pessoa a ter uma integridade física e psíquica melhor, eu posso ajudar com aquilo que sou.

Por isso lhe digo: " Não deixe de perceber as coisas simples. As pessoas e a sua simplicidade..."

Roberta Mendes de Araújo
Enviado por Roberta Mendes de Araújo em 14/04/2010
Reeditado em 15/04/2010
Código do texto: T2197483
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