Estrela da Esperança.

Faltam apenas algumas horas, daqui a alguns instantes ele vai passar. Quanta alegria, quanta paixão, vejo um brilho de esperança em cada olhar. Olhos verdes, azuis, castanhos, pretos, puxados, arregalados, quase fechadinhos, todos com um olhar fixo no céu, a procura de algo, a procura do mesmo algo, e nesse mesmo algo encontrar seu algo diferente.

Começo a reparar em cada pessoa, e algumas me chamam a atenção. Aquela mulher com uma criança no colo, ela não deve ter mais que vinte e dois anos, a criança tem entre seus quatro e cinco aninhos, a mulher é Ruiva, está vestida com um vestido vermelho, mas não imagine nada escandaloso, o vestido está sutil, provocante, porém muito delicado. Ela não desvia o olhar do céu, nem por um milésimo de segundo, é como se o mundo a sua volta tivesse deixado de existir. Por um breve espaço de tempo, ela já não tem que se preocupar com os problemas respiratórios do filho, ou com as dificuldades do marido em encontrar um emprego. Apenas por aquele breve espaço de tempo, tudo que ela tem que fazer é fixar seu olhar, observar e esperar, ter um minuto só seu.

Após algum tempo de observação, olho para um senhor, pele negra, cabelos brancos, um bigode exemplar, deve estar beirando por seus oitenta e nove anos, anda com a ajuda de uma muleta. Muleta que é nitidamente improvisada, carrega em seu olhar uma força imensurável, uma força que não consigo expressar em palavras neste modesto texto. Mas o que realmente importa, é que essa força em seu olhar foi domada quando ele olhou para o céu. Aquela força sumirá! Ele não queria mais ter forças, ele só queria flutuar; flutuar para junto de sua amada que a muito se fora, desfalecera em seus braços, a espera da ambulância, ambulância que jamais chegara!

Quantos sonhos em uma noite, quantas esperanças vibrantes, quantas vontades e desejos.

Olho agora para uma menina. Menina? Deve estar beirando seus quinze anos, mas que já trás em seu olhar, a dor de um adulto, o rancor de um velho, a raiva de uma nação. Uma criança que perdeu sua boneca, e teve que brincar de casinha de verdade, e o único esconde - esconde que queria, era o de se esconder de todos á sua volta. Que menina! Que mulher! Que olhava para o céu com receio, disfarçando, pois não acreditava que ainda tinha o direito de sonhar.

Agora só faltam alguns minutos. Todos começam a vibrar, inclinam a cabeça em direção ao céu e já não piscam mais, os corações aceleram, as respirações cada vez mais rápidas, todos ficam ofegantes. Só mais alguns instantes e ele passará, só mais um breve espaço de tempo e todos nós o veremos, só faltam alguns segundos e... E ele vai chegar! E a mulher Ruiva? Ela abraçará seu filho, enquanto seus olhos se enchem de lagrimas, e seu coração, de esperanças! E o Senhor negro? Esse implorará para ver sua doce amada novamente, suplicará para junto dela estar! E a Menina? Ah! a Menina, vai pedir sua boneca de volta e um pedaço do bolo de chocolate que a mãe fizera e não repartira. E o cometa? esse passará , vai passar e acender uma luz em cada coração. E as milhares de pessoas que o observaram acreditarão, isso mesmo, acreditarão! Todos acreditarão, acreditarão tanto, mais tanto, que irão para suas casas com um novo semblante, com um novo brilho no olhar e com uma nova esperança no peito. Ao chegar em suas casas, irão deitar em suas camas e terão a melhor noite de suas vidas, e escreverão suas cartas dizendo como foi sentir a magia do cometa, e até mesmo afirmando o quanto ele é místico, e mágico. E você? Você ao saber disso, vai acreditar, vai acreditar tanto, mais tanto! que vai começar a esperar. Esperar que o cometa volte a passar. Que ele volte a passar com sua mágica, para que você também faça seu pedido, e deposite nele sua fé, pois o cometa agora se tornou a estrela de esperança!

Shirlynha
Enviado por Shirlynha em 15/09/2010
Código do texto: T2499567
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