A IRRESPONSABILIDADE DO "VOTO NULO"

Pretende-se com estes escritos compartilhar com os leitores uma suspeita que pode ajudar a pensar mecanismos que se contraponham ao analfabetismo político, manifesto por um número considerável de cidadãos. Existem os indecisos (estudam e querem entender os projetos políticos com a finalidade de fazerem a melhor escolha - ainda bem, pois, “o voto não tem preço e sim conseqüências”); mas há também aqueles que “jogaram a toalha” e numa atitude descompromissada não perdem mais tempo analisando projetos, propostas, histórico dos candidatos, pois partem do pressuposto que nenhum presta. Estão convictos disso e colocam-se, deste modo, no mesmo patamar de grande parte das pessoas - moldadas pelos meios de comunicação - de que nenhum político vale nada. A questão que interessa saber é quem sai no lucro com estes posicionamentos “extremistas” e “irresponsáveis”?

Ao ser interrogado, o “time da nulidade” afirma que todos os políticos são desonestos e, sendo assim, o “voto nulo” é o mais sensato no intuito de instaurar-se o início da tão propalada revolução. Tudo bem (que pessoa de bom senso não almeja a transformação de nossa sociedade?!). Supomos que a turma do “nulinho” vença e, por conseguinte, seja preciso a convocação de novas eleições com outros nomes. Quem serão estes? Qual a garantia que eles serão mais credíveis se quem financia a campanha é que escolhe a música que será cantada depois?

Sabe-se que a organização social na atualidade gira em torno da representatividade democrática com base no voto. Fora isso o que há é a posição dos radicais que defendem o caminho do armamento dos camponeses, dos trabalhadores para fazer frente ao Estado Capitalista Burguês. Sim, caso “os nuliários” tenham razão (o “Estado está podre”, “tudo é corrupção”, “é perdição” e votar de nada adianta), então, a opção que resta é a instauração do Estado Paralelo e Armado - à exemplo das Forças Armadas Revolucinárias da Colômbia-FARCs. Pois, se a via eleitoral é uma farsa e as eleições não passam de um mero simulacro; e se o entendimento é de que não é possível tomar o Estado por dentro a partir do “voto consciente”, conclui-se que somente sobra a alternativa do fortalecimento de uma milícia armada que tome o Estado golpeando-o por fora. Mas quem irá lutar contra o Exército, a Marinha, a Aeronáutica e outros aparatos repressivos (conforme Michel Foucault) pertencentes ao Governo Brasileiro? Quem serão os guerrilheiros simpatizantes de “Che Guevara” que irão doar a própria vida em nome desta nobre causa? Sim porque tal estratégia os coloca em confronto direto com o poderio do Estado Capitalista.

Certamente tais ilibados pensadores sabem que não tem lógica alguma brincar de votar nulo somente para ter novas eleições para perpetuar eternamente a brincadeira de votar indefinidamente. Por mais ingênuos que sejam eles devem conseguir compreender que se trata de “uma brincadeira de mau gosto” e altamente desgastante no sentido econômico, político e social. Quem vai acabar pagando por tal “irresponsabilidade pueril” são os trabalhadores. Assim sendo, suspeita-se que não existe lógica alguma nesta brincadeira de votar no “nulinho” a não ser favorecer a campanha daqueles que se elegem com base no “aperfeiçoamento do voto de cabresto”.

Prá quem trabalham os “nulinhos”? Porque será que os defensores da nulidade do voto, não se infiltraram entre os candidatos que representam os latifundiários e os empresários? Ser nulo é ser neutro e a neutralidade - neste mundo permeado por injustiças sociais - favorece àqueles que batem e não os que apanham.

SolguaraSol
Enviado por SolguaraSol em 21/09/2010
Código do texto: T2511454