QUEM GANHA COMO O VOTO NULO?

Parte-se do pressuposto que o senso comum foi convencido de que todo político é bandido. Paradoxalmente, existem muitos intelectuais trabalhando contrariamente à sua classe na medida em que sem refletir divulgam está ideologia sem questionarem a quem ela beneficia. Enquanto tais atitudes permanecerem vencerá “o malandro”, “os trapaceiros”, “os escorpiões do povo” em prejuízo da democratização social e de uma vida melhor para todo cidadão brasileiro.

O contraponto realiza-se na aceitação de que os políticos não são todos iguais. Pois, a generalização é um equívoco e dificulta o exercício do voto consciente, da cidadania e da ampliação da democracia. Ao afirmar que tudo é a mesma coisa e que ninguém vale nada, “militantes” de índole inconteste fazem o jogo dos candidatos que possuem facilidade em “angariar recursos”, “agraciados economicamente”, “bem nascidos” entre outros. Assim, tem vantagem aqueles que “acertam na loteria várias vezes” e possuem bastante dinheiro para comprar a visibilidade e fazerem-se forte diante do eleitor (corrompido pela possibilidade de serem favorecidos pessoalmente no curto espaço de tempo em que acontecem as campanhas políticas).

Candidatos que gastam uma fortuna para elegerem-se, grosso modo, não têm compromisso com o eleitor e procurarão recuperar os investimentos realizados. Afinal, tiveram de pagar “R$ 1.000, 00 reais para quem cuidou das placas e bandeiras”; “R$ 900,00 reais para os ‘cabos eleitorais’ que entraram casa por casa para pedir votos e cadastrar os eleitores durante um mês e meio”; “R$ ‘X’ reais para a secretária do comitê que ficou responsável de fiscalizar e confirmar as ‘intenções de voto’” [...].

Na democracia, as eleições são basilares, além de representarem um ato de cidadania. Enquanto o capitalismo for hegemonia sempre estaremos obrigados a votar naqueles que representam o “mal menor”. Ser responsável é contribuir com a formação política dos indivíduos, afinal de contas, muito sangue foi derramado para que pudéssemos ter o direito de votar. Assim sendo, falta em nossa população uma discussão séria sobre projetos políticos e de sociedade. Para a população está posto a responsabilidade de optar entre o Estado do Bem-Estar-Social (da estabilidade no emprego, dos concursos, da responsabilização estatal nos diversos âmbitos da sociedade) ou a volta do Estado Liberal (das privatizações, do salve-se quem puder, do “chora menos quem pode mais”, da banalização da vida em função do capital). A torcida é para que o primeiro continue em prol do conjunto dos cidadãos.

O desafio para os defensores do voto nulo está em visitarem a periferia onde - reféns do analfabetismo político - pessoas vendem o voto a troco de cestas básicas, de um “gole de pinga”, de alguns litros de combustível, de muitas promessas de emprego e outros “agrados”. Estudar é preciso, a falta de análises estruturais mais profundas tem levado a sucessíveis enganos que favorecem os que se perpetuam no poder pelo “voto de cabresto”, pelo clientelismo, pela politicagem nefasta.

Por fim, questiona-se porque os defensores da nulidade do voto, não se infiltraram entre os “candidatos de si mesmo” em suas passeatas, carreatas, cavalgadas? Sem o saber, “os nulinhos” ingenuamente usam o chavão de que todos os políticos são larápios. Essa compreensão rasteira e medíocre favorece os interesses daqueles que negociam a “própria alma” para conquistarem o poder por ele mesmo, para legislarem em causa própria. Assim, o ensinamento de Jesus - “de que todo poder é serviço” - encontra cada vez mais obstáculos em efetivar-se.

SolguaraSol
Enviado por SolguaraSol em 02/10/2010
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