O Desejo

Nós somos dotados de um sentimento que tanto pode resultar em benefícios a nós mesmos e a sociedade quanto pode nos aprisionar, sendo este o DESEJO. Pode-se dizer que este sentimento gera um movimento constante, pois a cada desejo satisfeito imediatamente surgi outro que nos impulsionará às ações com vistas a satisfazê-lo.

Para o filósofo Platão, o desejo pertence ao nível inferior da natureza tripartida da alma, que é habitada por desejos e por paixões. Os romanos, por exemplo, teriam sido movidos por desejo ao reconstruir sobre as cidades gregas espaços melhor habitáveis; os cientistas modernos estudam meios para proporcionar a manutenção de uma aparência jovem e o prolongamento da vida.

Atualmente, na era tecnocrática, existe o desejo incessante de consumir, determinando modos de ser e interferindo na construção de identidades. Nossos desejos não partem de nossas necessidades e, sim, são construídos pelo mercado, deixando de serem autênticos, mas massificados.

A submissão consumista resulta do vazio existencial dos indivíduos. O anseio em suprir a sua incompletude, faz da substituição constante dos objetos adquiridos uma dimensão simbólica que estes passam a ocupar. Essa massificação incentiva a ilimitadas experiências afetivas, estéticas, hedonistas, consumistas, transformando pessoas em autômatos, agindo como uma espécie de escapismo em relação ao mundo que se lhe apresenta.

No estudo sobre a natureza do desejo na antiguidade, teremos a representação dele através de Eros - o deus grego do desejo, do amor - conhecido como cupido na tradição romana, que tinha o poder de unir os elementos levando-os do caos ao cosmos. Considera-se, portanto, que o desejo é um elemento predisponente na estruturação da pessoa, conforme as possibilidades que são vivenciadas e permitem tais manifestações.

Alguns filósofos são evidentes em suas considerações sobre o tema. Epicuro diz: “A propósito de cada desejo deve-se colocar a questão: ‘Que vantagem resultará se eu não o satisfizer? ’”. Portanto, deve-se examinar como ocorre a interação com esses elementos do pensamento para combater ou acolher esse sentimento.

Além destas reflexões, podemos citar Schopenhauer - O mundo como vontade e representação - quando afirma que enquanto a consciência for submetida à pressão dos desejos, não possuiremos bem-estar nem repouso permanente. Contudo, quando um estímulo exterior, ou uma disposição interior, nos liberta da atenção dirigida para os motivos do querer, examinando-as sem interesse, sem subjetividade, de modo estritamente objetivo, tratando-as como representações e não como motivos instituem-se um bem-estar total.

Diógenes que pregava sobre o desapego e a auto – suficiência. Defende a repulsa pelos desejos materiais. Dessa forma, devemos buscar a autossuficiência, através do equilíbrio em nossas escolhas, evitando as variações do excesso e da carência, que resultará na serenidade advinda de uma vida frugal com a valorização daquilo que é próprio dos seres humanos, como os valores e princípios atemporais.

Diliane Monteiro
Enviado por Diliane Monteiro em 10/10/2010
Código do texto: T2548401
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