CONCEITO CRIACIONISTA - PARTE I

O conceito cristão de criação baseia-se nos relatos bíblicos do Livro de Gênesis. O conceito fundamental é que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança. Entretanto não há entre os teólogos uma unanimidade quanto ao método e/ou processo criativo. John Reumamn afirma que podem ser identificadas mais de quinze teorias diferentes da criação, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, sem contar a literatura do período interbíblico.

O autor afirma que não há forma fixa ou inflexiva da Bíblia apresentar a doutrina da criação. Formas diferentes foram usadas para tratar do assunto.

É interessante notar que os primeiros capítulos de Gênesis não mostram de forma completa as tradições existentes sobre a criação. Apoiar-se somente nestes textos para justificar uma doutrina criacionista é um erro. Existem textos, principalmente pós-exílicos, ricos em tradições sobre a criação. Em Gênesis vemos que assim como Deus cria, pode destruir. Aparentemente estamos diante de uma contradição, pois no mesmo livro, capítulo 9 versículos de 8 a 17 Deus promete preservar a criação.

Emil Bruner é citado como sendo defensor da tese de que uma compreensão melhor a respeito da criação só poderá ser alcançada se primeiro fizermos uma leitura do Novo Testamento, começando pelo Evangelho de João, para depois lermos o Livro de Gênesis. Essa teoria baseia-se no princípio de que João capítulo 1 versículo 1 começa dizendo que ”no princípio era o verbo”. O Verbo é Jesus que já existia antes que todas as coisas fossem criadas.

Ao adotar essa posição parece que estamos querendo dizer que o Antigo Testamento é uma coisa estranha à fé cristã. Todavia a fé nos leva a crer e aceitar o Antigo Testamento como legítimo e essencial para a nossa compreensão.

Há uma tendência de alguns teólogos em considerar os relatos bíblicos apenas como mitos, semelhantes aos mitos da criação encontrados em relatos de povos babilônicos e sumerianos. Os mitos são classificados em mitos de surgimento da criação a partir do caos, do vôo cósmico e submersão da terra e sobre progenitores do mundo.

Westermann encontrou quatro tipos de mitos nos relatos bíblicos: 1 - O mito do fazer: este mito está na maneira de como Deus fez o homem (do barro) e a mulher (da costela do homem). 2 - o mito da geração: Está nos sete dias da criação. 3 - O mito da criação através do conflito: é apoiado em Isaias 51.9-10 em conexão com Gênesis 1.2. e 4 – O mito da criação pela Palavra: embora o teólogo silencie nesta questão, podemos interpretar que ele se refere ao próprio Deus, quando usou a sua Palavra para criar. Expressão como “haja luz”; “haja separação entre as águas”, demonstram que parte da criação teve como fonte a própria Palavra de Deus.

O Novo Testamento nos dá subsídios para cremos que os relatos do Antigo Testamento são seguros. As tradições do Novo Testamento estão em conformidade com os relatos do Antigo Testamento.

Os escritores neo-testamentários empreenderam esforços para colocar Cristo como agente pré-existente da criação.

Existem conceitos filosóficos que contradizem os relatos bíblicos. Entre eles podemos citar:

1 – Criacionismo evolucionista. Nesse conceito a criação ocorreu através de uma matéria-prima pré-existente que aos poucos foi evoluindo até tomar a fórmula atual.

2 – Mecanicismo. É o conceito de que a matéria bruta produz vida de tanto relacionar-se com outra matéria bruta.

O conceito cristão mais próximo dos relatos é aquele que afirma que a criação foi executada, e que o produto final já foi acabado.