CONCEITO CRIACIONISTA - PARTE II

Tanto para os cristãos quanto para os judeus, Deus é o criador de todas as coisas. De acordo com as duas religiões o relato bíblico do livro de Gênesis, capítulo primeiro, é narrativa fidedigna da criação.

O autor conta como Deus criou o firmamento, as aves, os animais terrestres e aquáticos e finalmente os seres humanos. Pela sua Palavra o Senhor fez da terra, antes um caos total, um lugar perfeito. Tudo ficou em ordem. Logo no primeiro versículo temos a doutrina da pré-existência de Deus. Deus criou todas as coisas, porém ninguém o criou. Ele sempre existiu. A palavra usada neste versículo é Elohim. Trata-se de uma palavra específica que designa Deus como majestoso e onipotente, o Deus criador de todas as coisas. A palavra “criou” (barah em hebraico) tem o sentido de fazer existir do nada, isto é, sem nenhum material pré-existente. Deus, do nada criou tudo. Ele é a origem da própria matéria.

Um ponto de atrito entre a bíblia e a ciência têm sido a duração do tempo da criação. Enquanto a ciência afirma que o universo foi formado durante milhões de anos, a bíblia afirma que Deus acabou toda a criação em seis dias. Para elucidar a questão podemos recorrer à própria bíblia. Em sua segunda carta o Apóstolo Pedro diz que para o Senhor um dia é como mil anos, e mil anos é como um dia. (II Pedro 3.8). Para Deus tudo é um eterno presente. Há também um fator a ser considerado. A palavra usada para dia é o vocábulo hebraico YON, que tanto pode ser um período de 24 horas, como período indeterminado de tempo.

Em nenhum lugar da bíblia há qualquer afirmação de que os dias mencionados são de 24 horas. A crença cristã-judaica é que Deus é o criador. O resto é irrelevante.

Sobre a criação do homem, há dois relatos no livro de Gênesis. (Gênesis 1.26-3 – 2.4-7,18,22)

De acordo com a segunda narrativa (2.7) o homem foi formado do pó da terra, tendo Deus soprado em suas narinas o fôlego de vida. O homem portando é dotado de uma parte imaterial, o espírito, o que o difere dos demais seres vivos. Até aqui Deus ordenara o surgimento das coisas. O homem porém foi feito de algo já criado, a terra. Como podemos conciliar esta narrativa com a do capítulo 1.26-30, quando o autor afirma que Deus criou o homem a sua imagem e semelhança? Nesse relato não há qualquer menção da forma ou do material usado por Deus na criação. Diz apenas que Deus criou macho e fêmea. Uma leitura superficial dos textos pode nos apontar contradição. Um exame mais cuidadoso entretanto nos mostra que não. Os dois relatos, provavelmente de autores diferentes,não se contradizem. Um mostra a parte imaterial do homem. Imagem e semelhança de Deus. A bíblia afirma que Deus é Espírito (João 4.24). Logo a imagem de Deus não é na forma física, mas, o homem em grau infinitamente menor, possui alguns aspectos da natureza de Deus, como amor, justiça, fidelidade, etc. O outro mostra a parte material, o pó da terra. O homem é pó e ao pó voltará (3.19).

No capítulo dois temos a descrição da criação da mulher. A cada etapa da criação, o autor usa a expressão “viu Deus que era bom”. Na criação do homem, diz o texto “viu Deus que era muito bom”. Porém chega um momento que Deus vê que algo não estava bom. “Não é bom que o homem esteja só”. Da costela do homem então forma a mulher. Esta é a crença judaico-cristã.

O livro de Gênesis é obra de vários autores. Nele encontramos relatos semelhantes aos relatos sumerianos e mesopotâmicos. Esses relatos constituem-se em lendas e mitos sobre a criação e o dilúvio. Conforme crenças judaico-cristãs, Moisés, o legislador, é o redator final do livro. Porovavelmente ele fez uma pesquisa minuciosa, e por inspiração de Deus, compôs a sua obra, retirando os relatos não revelados por Deus, por volta de 1500 AC.