** SINFONIA DA PRIMAVERA TROPICAL **

Os vales e os bosques do meu Brasil dir-se-iam imensos açafates cheios de cores, sons e de perfumes...

tudo canta e palpita num mesmo anseio universal de vida e movimento! O homem sob as emanações das liturgias sutis da natureza, comunga em êxtase as harmonias difusas e profusas dos sêres e das coisas. consuma-se a páscoa implacável, sente a imaginação engolfar-se-lhe no turbilhão das belezas desinteressadas, delizando no carro intangível dos desvaneios cor de rosa e no sentimento azul do sonho...

A natureza circunjacente é imensa harpa eólia vibrando ao sopro de gentis galernos que inrrompe das furnas e dos ordes insondáveis dos mistérios.

Eu como bicho da terra tão pequena me prosterno diante do trono divino do mistério. Haurindo a essência de mil eucaristias, desde

as ignotas germinações abiscônditas até os ritmos dos astros.

Há um delirio genesíaco de flores e frutos, e eu enjoada da trepidação da máguina e do tumulto de século, quero lançar-me nos braços da mãe natureza, essa doce nutriz de todos os viventes que

embala e sacia, adormenta com os acalantos da terra e com a berceuse do céu.

O sol fulgura a terra, mas a terra sorri ao lampejo da lua.

O que houve antes do palpável? Só sabe aquele que criou o palpável.

O silêncio é a música unigênita, tudo são mudezas liricas, tudo são cânticos sutis, vozes e eco que não se escutam.

Sem o poder da palavra adequada o que seria da humanidade?

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Laura Ribeiro.

Laura Ry
Enviado por Laura Ry em 04/11/2010
Reeditado em 04/11/2010
Código do texto: T2595816
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