NÃO PRESERVE O MEIO AMBIENTE PRESERVE-O POR INTEIRO

Da planta do pé ao pé de feijão donde o homem tira o pão há um pisar com pés que conduzem cabeças ocas. Onde se alcança com a mão leva-se o pé e lança-se com os olhos sementes de anões pensando que se colherão gigantes: meros jardins com flores murchas.

O Planeta Azul, que antes fascinava o expectador do espaço, enegrece. Os rios – caudais de lágrimas – deixam no caminho sussurros em protesto à impiedade humana que os transformam em trilhos escorregadios por onde conduzem em hastes flâmulas vermelhas. O que se verá com bifocais negras e armações de ouro? E a água do copo não sacia a sede.

O pássaro verde de alguns começa a mudar a pena e fico a pensar: que cor terá?

Crivada na testa a ideologia da engrenagem, marcha na impotência a famigerada raça que transforma tempo e desfaz espaço. Cai o telhado, ouve-se o ruído e ignora-se. Das paredes há destroços. Quero encontrar uma janela. Uma janela pela qual eu possa ver homens conscientes, homens naturais, não meio-homem que se conforme apenas com o meio...

Temo que este globo – um barril de pólvora cheio de crianças a brincar com fósforos – esteja muito em breve com todas as janelas com ferrolhos e, do meio ambiente não reste sequer meio.

Geraldo Gabliel

(Texto dissertativo sobre o meio ambiente elaborado para o Vestibular de Teologia no ano de 1991 no UNASP/SP)

Gabliel Coelho
Enviado por Gabliel Coelho em 25/01/2011
Código do texto: T2750146
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