SOLIDARIEDADE

Palavra estranha, esquisita prá muitas pessoas, habitantes dessa cidade apressada chamada São Paulo.

Há um bom número de anos atrás, os idosos, deficientes, gestantes e pessoas com crianças no colo tiveram garantidos por lei, acentos reservados nos transportes coletivos, um tempo depois, também os obesos ganharam seus lugares reservados.

Ótimo! Isso é uma conquista importante. É garantir por decreto o que deveria ser garantido por cidadania, respeito, solidariedade.

Desde então tenho assistido cenas fortes de má educação explícita a bordo dos ônibus e trens, estranhamente sempre atuando no papel principal uma idosa. (não vou escrever sobre os jovens que sentam ali e fingem que estão dormindo, esses não merecem nenhuma letra).

Um dia desses, ônibus lotado, 18 hs e 30 minutos, sobe uma senhora bem vestida, bonita. Devia ter uns 65 anos de pura essência de grosseria. Ela entra e não espera ser vista, não espera alguém lhe dar o lugar de direito, ela exclama em bom som:

-Saia! Esse lugar é meu! Vamos, Vamos, saia imediatamente!

Levanta-se então um rapaz cansado, provavelmente um operário, ou balconista não se sabe. Ele estava com fones no ouvido e todos sabem que os jovens ouvem música no volume mais alto possível. Mas o que importa aqui é o fato dele ter levantado porque não ouviu a ordem rude da senhora. (se não fossem os fones, acho que não teria dado o lugar)

Acomodou-se então, de semblante fechado, a antipática senhora.

Passados 10 minutos, entra no veículo uma gestante que pelo tamanho da barriga, o bebê já estaria prá nascer. Todos sabem também que acontece freqüentemente do motorista frear abruptadamente prá evitar uma colisão. Todos também sabem que é perigoso uma mulher grávida bater a barriga, é um risco pro bebê e para ela.

A senhora arrogante obviamente não sede seu lugar, pois tem direito a ele por força de lei, decreto e má educação.

Mas ainda existem pessoas educadas e de bom senso, são raras, mas uma vez ou outra nos deparamos com elas.

Uma jovem levanta-se e sede o lugar.

Uma coisa muito boa no trânsito em São Paulo é a oportunidade de observar o comportamento dos cidadãos que aqui habitam.

Outro exemplo, que ocorreu sob meu testemunho, ainda nesta semana:

Prá variar, ônibus lotado, pessoas atrasadas. Na parte da frente do transporte, meia dúzia de idosos, mais duas gestantes, crianças e bebês e alguns “guardadores de porta” (gente que adora ficar ali). Uma dificuldade, pois esse público todo atrapalha a entrada de novos passageiros, gerando demora em cada parada e assim uma fila interminável de ônibus ao longo do corredor chamado “passa rápido” (é passa lento).

Nesse dia estava calor, céu da cor paulistana (quem vive aqui sabe), tudo indicava um dia normal, desses que o cidadão fica no percurso umas 3 horas prá ir e nem Deus sabe ao certo quantas prá voltar.

Entra no transporte um senhor com bengala e alguma dificuldade de movimentos. Na teoria, ele tem seu lugar reservado, mas na prática....

Os idosos, mesmo que saudáveis e vários deles indo ao trabalho (se trabalham estão bem, não é?) simplesmente por terem feito seu 60° aniversário, decidiram que o bengalista se virasse como pudesse!!!!!

Não havia jovens para serem expulsos dos lugares, só idosos! Ninguém levantou-se.

É um absurdo que não exista solidariedade, gentileza nenhuma nem entre os “protegidos” por lei.

Os idosos merecem nosso respeito, consideração, amor, gratidão e carinho, mas por favor, mostrem que aprenderam alguma coisa ao longo de suas vidas!

Eu sou de um tempo que as pessoas de idade avançada nos serviam de exemplo, pela sabedoria, pela experiência adquirida na vida.

Nesses anos maiores que 2000 o que vejo são pessoas, de todas as idades, faltarem com respeito umas com as outras.

07/04/2011

Dalva Marisi Gallo
Enviado por Dalva Marisi Gallo em 07/04/2011
Reeditado em 09/08/2012
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